Novo Banco “desinteressou-se” da GNB Vida após colocá-la à venda

A presidente da ASF, Margarida Corrêa de Aguiar, afirmou no Parlamento que o Novo Banco parece ter-se desinteressado da GNB Vida a partir do momento em que lhe pôs a placa "para venda".

Instada a comentar a desvalorização da GNB Vida, a presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Margarida Corrêa de Aguiar, afirmou esta sexta-feira que o Novo Banco parece ter-se desinteressado da seguradora depois de a ter posto à venda.

“A partir do momento em que a companhia foi colocada numa posição ‘é preciso vender’, o Novo Banco parece ter-se desinteressado da companhia. Podia ter feito ao contrário. Até porque havia um deadline para vender a companhia”, afirmou Margarida Corrêa de Aguiar na comissão de inquérito ao Novo Banco.

A GNB Vida foi vendida em 2019 por 123 milhões de euros ao fundo Apax, acrescidos de uma componente variável que pode ir até 125 milhões. A operação gerou uma perda de 250 milhões de euros ao banco.

O deputado do PSD Hugo Carneiro questionou a presidente da ASF sobre o que levou o banco a desinteressar-se pela seguradora hoje em dia denominada GamaLife. “Essa pergunta tem de fazer ao Novo Banco e ao Fundo de Resolução, que é o acionista”, respondeu Margarida Corrêa de Aguiar numa audição que durou pouco mais de uma hora.

Segundo disse aos deputados, a desvalorização da GNB Vida já “vinha de trás” e não ocorreu apenas no período entre a data do acordo de venda (setembro de 2018) e a conclusão da operação (outubro de 2019).

Porém, a presidente da ASF não deixou de sublinhar que “uma companhia de seguros que não coloca produto, que não tem produto para oferecer e que não coloca, não existe”. E lembrou que a GNB Vida era “uma empresa muito boa” que sofreu “muitíssimo com o colapso do grupo”.

Margarida Corrêa de Aguiar disse ainda que a GNB Vida “foi vendida com uma carteira muito desgastada de produto e clientes” e que “vai levar algum tempo — depende da ambição do acionista — a atingir níveis de balanço e produção iguais a 2013”, quando tinha um ativo de cerca de oito mil milhões de euros.

Ainda assim, a presidente da ASF realçou que a GNB Vida “está de boa saúde, tem bons rácios de solvabilidade e, financeiramente, a empresa está bem”.

Sobre o processo de venda à Apax, a responsável revelou que pediu informação a “sete ou oito” reguladores europeus, incluindo autoridades em França, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo. “Nenhuma destas entidades nos deu indicação de incapacidade e de falta de idoneidade, registo de sanções, registo negativo de gestão de investimento e de atividades”, apontou.

Também revelou que a ASF não encontrou ligação ou conflito de interesses entre Greg Lindberg (que foi acusado de corrupção nos EUA) e a sua estrutura e o grupo que veio a adquirir a GNB Vida, os fundos geridos pela Apax.

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