Marcelo lamenta que troika não tenha descoberto antes falhas na banca

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2017

Para o Presidente da República o relatório da OCDE não é surpreendente, mas "tinha-se evitado uma parte do problema" se se tivessem descoberto mais cedo as fragilidades na banca.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje que a troika “não tenha descoberto há mais tempo” as fragilidades do sistema bancário português porque isso teria evitado uma parte dos problemas durante o período de ajustamento.

Durante uma visita às instalações do Colégio Pina Manique da Casa Pia de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o relatório da OCDE hoje conhecido – onde se destaca que a fragilidade da banca “precisa de ser resolvida o quanto antes” – tendo sublinhado que Portugal está “a dois passos de um momento importante para a consolidação da banca portuguesa” que é a venda do Novo Banco e a resolução em simultâneo do problema dos ativos problemáticos.

“Aquilo que foi uma preocupação no ano anterior e no começo deste ano foi-se compondo, está-se a compor e se há coisa que nós lamentamos é que a ‘troika’ não tenha descoberto isso há mais tempo. Porque se tem descoberto isso há uns quatro, cinco anos tinha facilitado muito essa decisão”, defendeu. Na opinião do Presidente da República, “mais vale tarde do que nunca” e ainda bem que as instituições internacionais descobriram que era “um problema”.

O Presidente da República considerou ainda que o relatório foi elaborado com números “recolhidos há algum tempo”, não revelando alterações significativas.

O relatório da OCDE vem na linha da posição anterior da OCDE, portanto é um relatório feito com números recolhidos há já algum tempo e que aponta para no fundo uma linha de continuidade relativamente às previsões da OCDE quanto ao crescimento, quanto ao emprego e quanto à balança de pagamentos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. “Não tem alterações significativas”, concluiu o chefe de Estado.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) diz que o investimento em Portugal está mais de 30% abaixo do nível de 2005 e antecipa que o desemprego se vá manter nos dois dígitos nos próximos anos. A OCDE divulgou esta segunda-feira um relatório sobre a evolução da economia portuguesa e, no documento, antecipa “um crescimento anual moderado”, de 1,2% em 2017, e refere que o consumo privado teve um papel importante recentemente, mas “deverá perder peso porque a criação de emprego é demasiado fraca para que as despesas dos consumidores continuarem a expandir-se ao nível atual”.

O investimento deverá “continuar fraco” e as exportações “vão crescer menos” do que nos anos anteriores, em parte devido à queda da procura da China e de Angola, mas deverá “continuar a ser a força por trás do crescimento neste ano e no próximo”. Tendo em conta o “baixo crescimento”, mas também um salário mínimo mais elevado e a continuação da rigidez do mercado de trabalho, a OCDE antecipa que a queda do desemprego seja “muito mais lenta do que nos últimos dois anos” e que “é provável que o desemprego continue nos dois dígitos, entre os mais altos da União Europeia”.

Quanto ao desemprego, a OCDE reconhece que tem estado a cair mas continua em “níveis desconfortavelmente elevados”, nos 10,5%, uma proporção que é de 26,1% entre os jovens. Relativamente às exportações, a organização de Angel Gurría considera que as reformas estruturais já feitas permitiram um “reequilíbrio da economia para as exportações”, sublinhando que Portugal exporta agora mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), quando em 2005 as exportações representavam apenas 27%.

Isto quer dizer que há mais empresas a exportar do que anteriormente, referindo a OCDE que este processo “começou ainda antes da crise” e que os dados a nível micro sugerem que esta melhoria nas exportações “é de natureza estrutural”. A OCDE sublinha que a fraca procura interna numa altura de crise económica contribuiu para a melhoria da balança comercial, mas alerta que vão ser precisas “melhorias estruturais adicionais” para consolidar estes progressos iniciais e garantir que se mantêm quando as importações recuperarem.

Notícia atualizada às 14.21 com mais declarações de Marcelo Rebelo de Sousa.

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