Sodim consegue 82,75% dos direitos de voto na OPA e Semapa fica em bolsa
Família Queiroz Pereira reforça participação na Semapa, mas não o suficiente para pedir a saída de bolsa e chegar a 100% do capital.
A Sodim ficou com 81,3% do capital e 82,75% dos direitos de voto da Semapa após a OPA, reforçando o seu peso no capital da “holding” que controla 69,35% do capital da Navigator, a cimenteira Secil e a ETSA. Uma percentagem que não permite avançar para a retirada da empresa de bolsa.
O resultado da oferta de aquisição, que decorreu entre 27 de abril e 4 de junho, foi conhecido esta segunda-feira. A Sodim conseguiu 28% das ações alvo da oferta na OPA, equivalentes a 7,88% do capital e 8% dos direitos de voto. Comprou no mercado mais 1,57%, elevando a participação total na Semapa para 82,75%.
Para conseguir ficar com 100% da empresa, a “holding” da família Queiroz Pereira teria de ter conseguido 90% do capital e das ações alvo da OPA, o que não aconteceu. Caso conseguisse 90% do capital, poderia avançar junto da CMVM com o pedido de perda de qualidade de sociedade aberta, deixando a Semapa de estar cotada, o que na prática levaria os fundos e investidores a vender as suas ações (não são obrigados), dado que a empresa perderia a liquidez de mercado.
A 1 de junho a “holding” da família Queiroz Pereira tinha informado o mercado que prescindia da condição de obter 90% dos direitos de voto, de forma a não inviabilizar a aquisição das ações conseguidas na OPA. “Atendendo aos níveis de aceitação verificados até ao momento, entende a Sodim, desde já, informar que irá renunciar”, na data de apuramento de resultados da Oferta “à condição de sucesso”, lê-se no comunicado.
Uma opção que lhe permite aproveitar as ordens de venda na OPA e aumentar a sua participação na Semapa. A 1 de Junho a Sodim tinha informado o mercado que já tinha garantido 82,05% dos direitos de voto.
Além da OPA, a Semapa tem vindo a comprar, ao mesmo preço da oferta, ações no mercado. A última atualização da estrutura acionista, que tem data de 4 de junho, dá à Sodim e partes relacionadas 74,24% do capital e dos direitos de voto, percentagem que sobe para 75,54% dos direitos de voto tirando as ações próprias.
Quatro fundos espanhóis, Bestinver, Cobas, Magallanes e Horos, com cerca de 7% do capital e dos direitos de voto da Semapa, recusaram vender ao preço oferecido pela família Queiroz Pereira, de 12,17 euros (11,66 euros sem o dividendo pago entretanto), considerando-o demasiado baixo.
“A oferta é muito baixa e não reflete o real valor dos ativos da Semapa. Optámos por não a aceitar em defesa do interesse dos participantes dos nossos fundos”, justificou Diogo Pimentel, analista de investimentos da Magallanes Value Investors, em declarações ao ECO na quarta-feira passada, quando se percebeu que o desfecho seria a manutenção da empresa em bolsa.
E agora?
A legislação impede o lançamento de uma nova OPA nos 12 meses seguintes, mas a família Queiroz Pereira poderá tentar chegar aos 90% comprando no mercado. “A Sodim pode tentar comprar ações no mercado, uma vez que a Semapa está a transacionar com um grande desconto”, referia Miguel Rodríguez Quesada, da Horos Asset Management, também a semana passada.
O gestor considera que a (ainda mais) baixa liquidez das ações da Semapa pode representar uma pressão adicional para os fundos venderem. A empresa fechou a sessão desta segunda-feira com uma cotação de 11,70 euros, quatro cêntimos acima da contrapartida da OPA, o que avalia a cotada em 950,86 milhões de euros.
A Sodim enviou um comunicado ao mercado a informar que deu ordem ao BCP para comprar todas as ações que os investidores querem vender ao mesmo preço da OPA entre dia 8 e 15 de junho, como previsto no prospeto da operação. Tendo em conta que a contrapartida é a mesma, é pouco provável que quem não quis vender durante a operação o venha a fazer agora.
Esta não é a primeira vez que a família lança uma OPA para ficar com totalidade do capital da holding. Em 2015, a moeda de troca foram ações da Portucel, hoje Navigator. Na altura, conseguiu 51,3% dos títulos alvo da oferta, passando a controlar 71% do capital da Semapa.
(Notícia atualizada às 21h20 com informação sobre ordem de compra de ações em mercado)
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