“Sem a abstenção do Chega, PSD não será Governo” nos próximos anos, diz Daniel Bessa
O conselheiro de Rui Rio tem "muita dificuldade" em ver um Governo do PSD com o Chega, mas admite que sem a abstenção de André Ventura os social-democratas não terão o poder nos próximos anos.
Para Daniel Bessa é uma inevitabilidade: só se o Chega permitir é que o PSD será Governo nos próximos anos. Contudo, isso não significa uma coligação governativa: o membro do conselho consultivo do Conselho Estratégico Nacional do PSD prefere encostar André Ventura à parede, desafiando-o a viabilizar um Governo de direita ou chumbá-lo ao lado da esquerda. Quanto ao futuro de Rui Rio, as autárquicas são “o fim da linha”.
Em entrevista ao ECO publicada esta segunda-feira, o ex-ministro da Economia de António Guterres diz que terá “muita dificuldade em ver um Governo PSD em que o Chega faça parte”, algo que não o deixará contente caso aconteça. Porém, admite que é matematicamente impossível que a direita chegue ao poder sem a viabilização por parte do partido liderado por André Ventura.
“Mesmo que eu quisesse limitar-me à parte boa — PSD, CDS e IL –, levando o Chega para a parte má, estes não têm a mínima hipótese de criar um Governo sem contarem, no mínimo, com a abstenção do Chega“, diz Daniel Bessa, referindo que mesmo com o partido de extrema-direita “parece muito pouco provável” que tal seja possível em breve. As sondagens atualmente continuam a mostrar uma hegemonia da esquerda nas intenções de voto, com o PS a colher mais votos do que a direita toda junta.
Perante estes dados, Bessa confessa: “Sem a abstenção do Chega, o PSD não será Governo em Portugal nos anos que tenho de vida“. “É fatal”, resume, recusando, no entanto, que haja uma coligação ou acordo mais formal com o partido que, neste momento, apenas tem um deputado na Assembleia da República. “Enquanto o programa político do Chega for o que é, não é possível“, avisa.
Para o conselheiro de Rui Rio o PSD deve deixar o Chega decidir se se abstém, viabilizando um Governo de direita liderado pelos social-democratas, ou se o chumba ao lado do PCP, BE e PS e abre a porta a um Executivo de esquerda. “O Chega ver-se-á confrontado com as suas responsabilidades e logo verá“, assinala Daniel Bessa, antecipando que, no futuro, o partido vai “moderar-se”.
Também Rio tem dito que poderá ser possível haver algum tipo de entendimento entre os dois partidos caso Ventura se modere. Contudo, não há sinais disso, como foi exemplo o “congresso das direitas” (Movimento Europa e Liberdade) e o congresso do Chega. Em ambos os eventos, o líder do partido criticou significativamente os social-democratas, o que levou o PSD a cancelar a sua presença no congresso.
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