Oposição condena em peso Medina por partilha de dados com a Rússia
Um a um, os partidos foram reagindo às últimas notícias que envolvem a Câmara de Lisboa e o envio de informações para a Rússia.
A oposição criticou em peso o facto de a Câmara de Lisboa ter enviado para a Rússia informação sobre manifestantes anti-Putin. O PSD vai mesmo chamar o presidente da Câmara de Lisboa e o ministro dos Negócios Estrangeiros ao Parlamento para prestarem explicações sobre a partilha de dados pessoais de ativistas russos.
“O que o PSD vai fazer é entrar com um requerimento amanhã [sexta-feira], no sentido de chamar o doutor Fernando Medina à Assembleia da República e também votaremos a favor de todos os requerimentos de outros grupos parlamentares que tenham o mesmo objetivo”, disse Rui Rio em conferência de imprensa, que deu quinta-feira no Porto. Além disso, o partido vai entregar um segundo requerimento para que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, vá também ao Parlamento fazer a avaliação desta situação e que procedimentos há a adotar para que haja “a certeza que isto não volta a acontecer nunca mais em Portugal”, revelou.
Rui Rio disse que a situação não é grave, mas sim “gravíssima” e “absolutamente intolerável” num país democrático. “E nenhum Governo da União Europeia faria semelhante coisa”, afirmou, reforçando tratar-se de uma “vergonha para Portugal”.
À esquerda o incidente também foi criticado. Catarina Martins frisou que estas situações deixaram no ar várias questões: “Esta era uma prática generalizada? Aconteceu o mesmo quando houve protestos contra os presos políticos de Angola? Ou frente à embaixada de Israel sobre a Palestina? Ou de trabalhadores frente a uma empresa?”, escreveu a líder do Bloco de Esquerda no Twitter, afirmando que as respostas serão procuradas e as consequências apuradas na Câmara Municipal de Lisboa e no Parlamento.
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Em declarações aos jornalistas, a bloquista disse ainda que “o que aconteceu não podia ter acontecido”, mas que “talvez pedir a demissão a poucos meses das eleições seja mais um número de campanha eleitoral do que uma afirmação com consequência”.
O comunista Jerónimo de Sousa classificou o caso de “grave”. “A confirmar-se, creio que tem gravidade e que nesse sentido se coloca a necessidade do apuramento de responsabilidades dos factos e depois, naturalmente, que se decida em conformidade com essa investigação”, disse o líder comunista, em declarações aos jornalistas esta quinta-feira. “A ter sido assim, naturalmente é uma medida grave”, acrescentou, em declarações aos jornalistas.
Também ontem, João Ferreira, candidato à presidência da Câmara de Lisboa, recorreu ao Twitter para reagir, afirmando que se “impõe perceber desde quando existe” este tipo de procedimentos, “quem os instituiu e em que casos se aplicou”.
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Também no Twitter, o líder do CDS não ficou de fora e reagiu publicamente, afirmando tratar-se de “um ato de terrorismo político e de subserviência” de Fernando Medina, “entregando a cabeça de três pessoas a um Governo que viola os direitos humanos e que mata opositores”. “Ou Fernando Medina se afasta ou o povo que ama a Liberdade tem de removê-lo com o voto!”, escreveu Francisco Rodrigues dos Santos.
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Em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, o líder centrista afirmou que a partilha destes dados “representa um ato de terrorismo político e subserviência”. Também o CDS apresentou um requerimento para a audição de Fernando Medina, justificando que a situação é “preocupante e extremamente relevante”.
Inês de Sousa Real, do PAN, diz que o caso “é, de facto, demasiado grave”, defendendo que “Portugal deve estar na linha da frente da defesa dos direitos humanos e não pode expor ativistas que se opõem ao regime”. No Twitter, a deputada escreveu ainda que “são demasiados os erros que têm lesado a cidade de Lisboa” e disse ser “fundamental” que nas próximas eleições “a cidade mostre um cartão vermelho a Medina”.
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Bruno Soares, o candidato do Iniciativa Liberal à Câmara de Lisboa, escreveu esta quinta-feira que Medina tinha de responder a duas questões: desde quando é que estas situações acontecem e o que iria a autarquia fazer para compensar as pessoas lesadas. “Este comportamento não pode ser ignorado numa democracia liberal!”, disse Bruno Soares. “Perante uma situação deste tipo o que se exige é uma investigação, não uma auditoria”.
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“Fernando Medina tem de explicar se entregou os dados dos ativistas russos por pressões — internas ou externas — ou se foi um ‘erro burocrático'”, escreveu André Ventura no Twitter, afirmando que “este comportamento de subserviência tem de acabar em Portugal”.
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Além disso, o líder do Chega defendeu que o Ministério Público deve investigar esta partilha de dados. “Temos de pedir ao Ministério Público que investigue e Medina tem de tirar consequências políticas desta situação”, disse, em declarações aos jornalistas, referindo que “não basta dizer que está tudo bem, que cometeu um erro burocrático e que vai continuar o seu mandato exatamente nos mesmos termos”.
Joacine Katar Moreira defende que “esta ‘colaboração’ da CML/Medina com a Rússia é de inaceitável para cima”, afirmando que “é bom que Medina se cuide politicamente já que não cuidou de cidadãos da sua cidade e os colocou em perigo”.
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Do lado do PS, Pedro Nuno Santos pronunciou-se, saindo em defesa do colega socialista. “Ninguém tem dúvidas da adesão incondicional de Fernando Medina aos valores da liberdade e da democracia”, escreveu o ministro numa publicação no Facebook, defendendo que todos deviam fazer o que Medina fez: “Reconhecer o erro, perceber porque aconteceu, aprender e corrigir para que não volte a acontecer”. “A hipocrisia e o cinismo como armas de combate político corroem a nossa democracia”, acrescentou.
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