Portugal é dos países mais dependentes da dívida de curto prazo na pandemia
Um sexto da dívida nacional tinha, no final do ano passado, prazo inferior a um ano. É a terceira maior percentagem entre os países da Zona Euro.
Países de todo o mundo tiveram de reforçar como nunca o endividamento para implementar medidas de combate à pandemia e travar o impacto económico. Os aumentos da dívida pública face ao PIB foram expressivos por toda a Zona Euro e Portugal ficou entre os mais dependentes dos investidores a curto prazo.
“A dívida das administrações públicas classificada por prazo de vencimento revela um padrão comum: entre 70,1% (na Suécia) e quase 100% da dívida viva foi emitida a longo prazo. Níveis de dívida de curto prazo inferiores ou iguais a 1% foram registados na Lituânia (0,0%) e na Bulgária (0,1%)”, explica o relatório do Eurostat divulgado esta sexta-feira. No entanto, “o rácio da dívida de curto prazo foi significativo na Suécia (29,9%), Dinamarca (21,6%), Portugal (16,7%) e Finlândia (15,6%)”.
O recurso a dívida de curto prazo poderá estar relacionado com a diversificação de instrumentos e com o facto de estes títulos terem juros mais baixos, numa altura de stress para os mercados. Em abril do ano passado, na chegada da pandemia à Europa, Portugal registou uma taxa de juro positiva numa emissão de Bilhetes do Tesouro pela primeira vez desde 2016.
Dívida pública por país e maturidade (em 2020)
Independentemente dos prazos, a tendência foi de agravamento ao longo de toda a curva. “A dívida pública na ótica de Maastricht seguiu uma tendência ascendente no seguimento da crise financeira. Após o pico no final de 2014 (86,6% do PIB), a nível da União Europeia, observou-se uma diminuição do rácio da dívida face ao PIB até ao final de 2019 (77,5% do PIB). Durante 2020, a tendência de queda foi drasticamente revertida“, revela o Eurostat.
Até final do ano passado, a dívida conjunta dos países da UE aumentou para 90,7% do PIB, “refletindo o aumento das necessidades de financiamento dos governos causado pelo impacto da recessão económica resultante da pandemia de Covid-19, bem como devido a medidas políticas empreendidas para mitigar o impacto da pandemia”.
Os países que mais aumentaram o rácio foram a Grécia (mais 25,1 pontos percentuais), Espanha (mais 24,5 p.p.) e Chipre (mais 24,2 p.p.). Portugal teve um agravamento de 16,8 pontos percentuais, tendo fechado o ano com um rácio de 133,7%, um novo recorde causado pela conjugação de mais 20,4 mil milhões de euros em dívida líquida com uma queda de 7,6% no PIB.
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