Parvalorem recebe proposta de última hora para a Herdade de Rio Frio

Foi anunciado um acordo de venda dos 50% da Herdade do Rio Frio do BCP à Corticeira Amorim por 14,5 milhões, mas a Parvalorem recebeu uma proposta superior pelos outros 50%.

O BCP assinou a venda de 50% da Herdade de Rio Frio à Corticeira Amorim por 14,525 milhões de euros, mas aguarda-se agora a decisão da Parvalorem, que detém os outros 50%. A entidade que herdou os ativos tóxicos do Banco Português de Negócios (BPN) recebeu uma proposta de última hora, feita por uma das empresas que já tinha demonstrado interesse nesta propriedade. Em causa estão 15 milhões de euros oferecidos à Parvalorem pela sociedade História Notável, que podem travar o acordo de princípio entre os dois acionistas.

Depois de o BPN falir, todos os ativos tóxicos que o banco tinha foram transferidos para a Parvalorem, que se tem vindo a desfazer deles desde então. Uma dessas “heranças” foi a Herdade de Rio Frio, propriedade da sociedade Cold River’s Homestead, constituída em março de 2018. Essa sociedade é detida em 50% pela Parvalorem (tutelada pelo Ministério das Finanças) e noutros 50% pelo BCP.

No final de 2018 foi lançado o primeiro concurso para a venda desta propriedade e, após duas tentativas falhadas, o BCP lançou um concurso competitivo e anunciou mesmo esta quinta-feira a venda da sua posição na Cold River’s Homestead, tal como o ECO noticiou. A Corticeira acabou por confirmar, anunciando que assinou um acordo com o BCP por 50% da sociedade por 14,525 milhões de euros.

Herdade de Rio Frio, Alcochete.Museu da Paisagem

Assim, 50% da sociedade já estão vendidos, mas restam os outros 50%, propriedade da Parvalorem. No mesmo comunicado, a Corticeira confirma ter também um acordo com a Parvalorem para adquirir a sua participação, embora este acordo esteja “condicionado à verificação de determinados requisitos”. A empresa diz esperar que este acordo seja fechado “no curto prazo”.

Contudo, o ECO sabe que a Parvalorem recebeu uma proposta de última hora pelos seus 50%, superior à oferecida pela Corticeira Amorim. Em causa está uma proposta de 15 milhões de euros feita pela sociedade História Notável, do empresário Avelino Neves Carvalho, que também estava na corrida para a compra desta propriedade. Ao ECO, uma fonte próxima das negociações adiantou que o empresário José António dos Santos, conhecido como “Rei dos Frangos”, também estará envolvido nesta proposta.

De acordo com informações recolhidas pelo ECO, esta sociedade terá também apresentado uma proposta idêntica ao BCP, no valor de 15 milhões de euros por 50% da sociedade, mas tal informação não foi possível de confirmar oficialmente junto das partes envolvidas. A verdade é que esta proposta fica sem efeito, uma vez que o banco assinou o acordo para a venda da sua parte à Corticeira Amorim.

Esta oferta de última hora apresentada junto da Parvalorem pode, assim, impedir a Corticeira Amorim de ficar com 100% da sociedade. Isto porque a Parvalorem, tutelada pelo Ministério das Finanças, tem agora de justificar a venda por um preço menor do que aquele que está apresentado na proposta, Ainda assim, outros critérios como prazos de pagamento ou garantias podem também influenciar uma decisão.

O ECO questionou o Ministério das Finanças e a Parvalorem para confirmar e saber mais detalhes sobre esta oferta, bem como o destino deste negócio, mas, mais uma vez, até ao momento de publicação deste artigo, não obteve resposta.

A Herdade de Rio Frio tem uma área de 3.600 hectares, dos quais 2.600 hectares são sobreiros e cerca de 130 são vinha. O interesse do Grupo Amorim deverá estar na parte dos sobreiros, pela produção de cortiça. Na propriedade realiza-se também produção de arroz e de gado. A herdade inclui ainda o Palácio de Rio Frio, num terreno ao lado, que está nas mãos do Novo Banco.

A Parvalorem e o BCP ficaram com a Herdade de Rio Frio na sequência da insolvência da Sociedade Agrícola de Rio Frio e da Companhia Agrícola de Rio Frio (foi nessa altura que foi constituída a Cold River’s Homestead), dado que eram os maiores credores. A compra desta herdade pelo BPN terá lesado o Estado em 70 milhões de euros, diz o Dinheiro Vivo.

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