Parvalorem pede estatuto de empresa em reestruturação para a saída de dezenas de trabalhadores
Em cima da mesa está a redução de pelo menos 50% dos quadros nos próximos dois anos, o que implicará a saída de mais de 60 trabalhadores do veículo criado para gerir os créditos tóxicos do BPN.
A Parvalorem está a preparar a saída de dezenas de trabalhadores, tendo solicitado ao Governo o estatuto de empresa em reestruturação, segundo avançaram fontes sindicais ao ECO. Em cima da mesa está a redução de pelo menos 50% dos quadros nos próximos dois anos, o que implicará a saída de mais de 60 trabalhadores deste veículo criado para gerir os créditos tóxicos do BPN, que foi nacionalizado em 2008, de acordo com as mesmas fontes.
A Parvalorem, atualmente liderada por Sofia Torres, chegou a empregar mais de 600 trabalhadores e tem atualmente cerca de 135 pessoas nos seus quadros. Já em 2014 havia pedido o estatuto de empresa em reestruturação, com efeitos até 2016, estando agora em causa a renovação desse requerimento.
A União dos Sindicatos Independentes (USI) disse esta terça-feira, em comunicado, ter tido conhecimento do pedido da parte da Parvalorem para ser declarada empresa em reestruturação. O pedido foi dirigido à ministra do Trabalho no dia 14 de janeiro, apurou o ECO.
Ainda que não tenha assento no Conselho Económico e Social (CES), que é sempre chamado a pronunciar-se sobre este tipo de requerimentos, a USI afirmou estar contra a declaração de empresa em reestruturação da Parvalorem. “É com enorme surpresa que, em plena crise pandémica, assistimos incredulamente à pretensão de uma empresa do universo público em querer despedir trabalhadores de forma massiva. Como que querendo o Estado tomar a iniciativa de dar os piores exemplos em termos de práticas de gestão, com isso contribuindo para o desemprego nesta altura tão difícil para todos os portugueses”, disse esta confederação sindical que integra o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB).
Por outro lado, chamada a dar o seu parecer em sede de concertação social, a UGT – estrutura da qual fazem parte o Sindicato dos Bancários do Norte, o Sindicato dos Bancários do Centro e o Mais Sindicato – pronunciou-se “desfavoravelmente à pretensão da Parvalorem”.
De acordo com a posição do sindicato, a que o ECO teve acesso, foi defendida a necessidade de encontrar outras soluções para quadros “altamente qualificados e com grande experiência na atividade relacionada com a gestão/alienação dos créditos” que não passem pelo desemprego, tendo a UGT – e os sindicatos representados — recomendado a cedência de trabalhadores para outros serviços da administração pública.
Além disso, a UGT manifestou dúvidas sobre as intenções da Parvalorem que podem levar ao “esvaziamento” da empresa. Isto porque a estimativa da empresa passa por cortar 50% dos postos de trabalho em dois anos, sendo que o pedido de renovação de declaração de empresa em reestruturação é pelo prazo de três anos. No entender do sindicato abre-se “uma porta para o desconhecido, no que toca ao terceiro e último ano da eventual declaração, que, no limite, poderá significar a redução de outros 50% de efetivos, esvaziando-se totalmente os recursos humanos da empresa”.
A Parvalorem ficou responsável pela gestão do crédito do banco falido, sendo que a Parups ficou com os imóveis, obras de arte e outros ativos e a Parparticipadas ficou a gerir participações do BPN noutras empresas e fundos.
O ECO contactou o Ministério das Finanças, Ministério do Trabalho e a Parvalorem, mas não obteve uma resposta até à publicação do artigo.
A Parvalorem fechou 2019 com prejuízos de 64 milhões de euros, que compara com perdas de 113 milhões em 2018, não sendo ainda conhecidos os resultados do ano passado. Este veículo, que tem vindo a recuperar crédito e a vender imóveis, geria, no final de 2019, ativos líquidos na ordem dos 376,6 milhões de euros.
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