Lisboa e Algarve “muito próximos ou acima” das linhas vermelhas de ocupação de camas em UCI
Lisboa e Vale do Tejo e Algarve já têm valores de ocupação de camas em cuidados intensivos próximos ou até acima dos limiares definidos nas "linhas vermelhas". Pandemia está a agravar-se.
A pandemia está a agravar-se e, em consequência, o número de internados está a aumentar, pressionando os serviços de saúde. De acordo com o relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) divulgado esta sexta-feira, Portugal já atingiu 56% do valor crítico de 245 camas ocupadas e nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve “a atual ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos (UCI) está muito próxima ou acima dos limiares” definidos como “linhas vermelhas”.
Segundo as autoridades, esta quarta-feira, dia 7 de julho, havia 136 doentes internados em UCI, valor que corresponde a 56% do limiar de camas ocupadas definido como crítico. Em causa está um salto de dez pontos percentuais (p.p) face à semana passada, o que reflete a “tendência crescente” deste tipo de internamentos.
As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve destacam-se pela negativa, registando 82 doentes internados em UCI — 60% do total do país — e 15 doentes internados em UCI, respetivamente. Tal significa que, nessa primeira região, já se atingiu 99% do limite regional (84 camas em UCI) e, na segunda, até já se ultrapassou o teto estabelecido. O limite algarvio era de 15 doentes em UCI, o que significa que a ocupação atualmente registada corresponde a 150% do limite considerada a “linha vermelha”.
As autoridades detalham que, no conjunto do país, o grupo etário com maior número de casos de infeção internados em UCI é o dos 40 aos 59 anos.
O relatório divulgado esta sexta-feira avança, além disso, que a incidência cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes está agora nos 287 casos, com tendência crescente. Neste ponto, o Algarve destaca-se com 674 casos por 100 mil habitantes, mas também Lisboa e Vale do Tejo com 438 casos por 100 mil habitantes.
Por outro lado, no Norte, a incidência cumulativa a 14 dias ainda está abaixo da “linha vermelha”, fixando-se nos 188 casos por 100 mil habitantes; Também o Alentejo está abaixo desse limiar mais crítico, fixando-se nos 165 casos por 100 mil habitantes; E no Centro, nos 149 casos por 100 mil habitantes. Ainda assim, as autoridades alertam que, a manterem-se estas taxas de crescimento, estima-se que este limiar seja atingido em menos de 15 dias também nestas três regiões.
“Todos os grupos etários apresentam uma tendência crescente da incidência. O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada correspondeu ao grupo dos 20 aos 29 anos (651 casos por 100.000 habitantes). O grupo etário dos indivíduos com mais de 80 anos apresentou uma incidência cumulativa a 14 dias de 56 casos por 100 000 habitantes, que reflete um risco de infeção inferior ao risco para a população em geral, mas que ainda assim apresenta um crescimento de 30 % em relação ao observado na semana anterior”, explicam a DGS e o INSA.
Quando ao índice de transmissibilidade (o Rt), Portugal já regista valores superiores a um a nível nacional (1,18) e em todas as regiões, também com uma tendência crescente (neste caso, sobretudo no Norte e Alentejo). “As regiões do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve apresentam Rt superior a um há respetivamente 26, 36, 57, 32 e 38 dias”, é detalhado no relatório.
A DGS e o INSA acrescentam que, neste momento, a variante Delta (associada à Índia) é já a dominante no país, em todas as regiões, com “uma frequência relativa de 89,1% dos casos. Aliás, foi perante esse cenário que o Executivo de António Costa decidiu levantar as restrições de mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa e reforçar a exigência de testes ou da apresentação do certificado digital em estabelecimentos turísticos, alojamento local e, nos concelhos de maior risco, na restauração.
As autoridades sublinham também que ” análise dos diferentes indicadores mostra uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de elevada intensidade e tendência crescente, disseminada em todo o país – atualmente com maior impacto nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve”. No relatório, frisa-se ainda que, no último mês, esse aumento da atividade epidémica tem, de resto, condicionado um “aumento gradual na pressão dos cuidados de saúde, em especial na ocupação dos Cuidados Intensivos e nas regiões Lisboa e Vale do Tejo e Algarve”.
Outro ponto a destacar é a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2, que ultrapassou a fasquia dos 4%, fixando-se em 4,5%, mais 1,3 p.p. que na semana passada. Tal evolução acontece numa altura em que o número de testes realizados está também a aumentar (já foram feitos 435.361) na maioria das regiões. Já a proporção de casos confirmados notificados com atraso foi de 4,5 %, menos 3 p.p. do que na semana passada e abaixo do limiar de 10%. Outro dado relevante é que, nos últimos sete dias, 90 % dos casos de infeção foram isolados em menos de 24 horas após a notificação, e foram rastreados e isolados 74 % dos seus contactos.
Face à evolução da pandemia pintada por estes dados, o Executivo de António Costa decidiu manter o país em situação de calamidade. Há neste momento 60 concelhos em risco elevado e muito elevado, aos quais se aplicam uma série de restrições, com a obrigação de adotar o teletrabalho.
(Notícia atualizada às 21h21)
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