Trabalho temporário com menos 7.800 colocações no primeiro trimestre
Até março foram colocadas 96.099 pessoas, quase menos 8.000 do que no período homólogo de 2020. No entanto, o índice de trabalho temporário subiu de mês para mês, evidenciando uma trajetória positiva.
No primeiro trimestre do ano houve menos 7.800 colocações em trabalho temporário do que no mesmo período em 2020. Janeiro foi o mês que registou a maior quebra, com uma redução de 11%, ou seja, menos 3.900 pessoas colocadas.
“Os indicadores de colocação relativos ao trabalho temporário têm vindo a subir de forma consistente e progressiva desde março do ano passado, quando se sentiram os piores efeitos da pandemia. Essa tendência volta a registar-se no primeiro trimestre de 2021. A flexibilidade deste tipo de vínculos, sobretudo em áreas como a hotelaria, o turismo ou o setor automóvel, permite que as empresas tenham uma maior margem para contratar mediante as necessidades, de forma que podemos assumir que estão a existir melhorias nestes setores”, considera Afonso Carvalho, presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Setor Privado de Emprego e Recursos Humanos (APESPE-RH), citado em comunicado.
De janeiro a março foram colocadas 96.099 pessoas (103.899 em 2020), no entanto o índice de trabalho temporário subiu de mês para mês, evidenciando uma trajetória positiva. Estes dados constam do Barómetro de Trabalho Temporário, divulgado esta segunda-feira pela APESPE-RH e pelo ISCTE.
“Analisado mensalmente, março de 2021 já regista um valor superior ao verificado no ano anterior, mas os valores de janeiro e fevereiro continuam abaixo dos registados nos períodos homólogos de 2020, num período pré-pandemia”, esclarece a associação, em comunicado.
Em janeiro e fevereiro de 2021, o índice de trabalho temporário (índice TT) situou-se nos 0,89 e 0,91, respetivamente, contrastando com os valores referentes aos mesmos meses de 2020 (0,92 e 0,94, respetivamente).
Já em março, o índice TT conseguiu, finalmente, ultrapassar os dados registados no ano anterior, crescendo de 0,90 para 0,97. “O valor do índice TT situa-se em março nos 0,97, o valor mais elevado dos registos efetuados, e tem vindo a subir progressivamente desde maio do ano passado, quando registou o valor mais baixo da série – 0,50 (com exceção de ligeira queda em dezembro de 2020)”, lê-se no comunicado enviado às redações.
Um retrato dos trabalhadores
No que diz respeito à caracterização dos trabalhadores em regime temporário, verifica-se uma ligeira descida da contratação de trabalhadores do género feminino ao longo do primeiro trimestre do ano (45,9% em janeiro, 45,1% em fevereiro e 45% em março).
Já ao nível da distribuição etária, a percentagem de trabalhadores com menos de 30 anos mantém-se superior e estável: 48,8% em janeiro, 49,8% em fevereiro e 49,5% em março. E o mesmo acontece com as restantes faixas etárias, sendo que os trabalhadores entre os 30 e os 49 anos rondam os 42%-43% e os profissionais com mais de 50 anos situam-se entre 7%-8%.
O ensino básico continua, de resto, o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas, seguindo-se o ensino secundário e a licenciatura.
…E das empresas
Do lado dos empregadores, foram as empresas de “fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis” que mais recorreram ao trabalho temporário durante o primeiro trimestre. “Empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes” (22%), “outras profissões elementares” (20%) e “trabalhadores qualificados do fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares” (10%-12%) foram, por sua vez, as principais funções contratadas para trabalho temporário.
“Este tipo de vínculos permite a redução dos números do desemprego, sobretudo em períodos considerados de melhoria das condições ou de retoma. Prevendo esta realidade e de forma a proteger os trabalhadores no geral, preparámos um documento no qual identificamos algumas medidas que consideramos fundamentais para melhorar as condições de empresas e trabalhadores no que respeita ao trabalho temporário, que já apresentámos ao Governo”, finaliza Afonso Carvalho.
Os resultados divulgados pela APESPE-RH e pelo ISCTE tiveram por base informação recolhida relativa a trabalhadores colocados até março de 2021 junto das seguintes empresas de trabalho temporário: Egor, Kelly, Manpower, Multipessoal, Multitempo e Randstad.
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