Menos restrições e mais emprego levam subutilização do trabalho para mínimo de março de 2020

Em junho, a subutilização do trabalho voltou a descer, atingindo o valor mais baixo desde março de 2020, mês que marca o início da pandemia em Portugal. Os inativos voltaram a procurar emprego.

O indicador que passou a ser mais acompanhado por causa da pandemia está em mínimos de março de 2020. Trata-se da taxa de subutilização do trabalho, a qual engloba não só os desempregados mas também os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego de forma ativa. Estes últimos aumentaram significativamente nos períodos de confinamento, por causa das restrições, mas estão a cair a pique com a reabertura da economia.

Nos meses de confinamento, a taxa de subutilização do trabalho subiu significativamente não só por causa do aumento do desemprego mas também porque subiu o número de pessoas que não procurava emprego ativamente por dificuldades em fazê-lo ou por reconhecerem que os empregadores estão pouco abertos a novas contratações. Este efeito foi tão forte que, ao contrário do esperado, a taxa de desemprego até começou por descer no início da pandemia, apesar de haver mais desemprego.

Nessa altura, os especialistas consideravam que muitos “desistiram” de procurar trabalho, o que não se refletia na taxa de desemprego — não são considerados desempregados os que não procuram ativamente por emprego — mas na taxa de subutilização, a qual subiu para níveis de 2017, como mostra o gráfico do Instituto Nacional de Estatística (INE) que consta das estimativas mensais de emprego e desemprego divulgadas esta quinta-feira.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE).

A taxa de subutilização é um “indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego”, de acordo com a definição do gabinete de estatísticas.

No total, havia 676 mil pessoas neste grupo em junho de 2021, o valor mais baixo desde março de 2020 (665,8 mil pessoas). Este valor subiu no primeiro confinamento, reduziu-se gradualmente nos meses seguintes, mas voltou a aumentar no segundo confinamento no início de 2021. Com a reabertura da economia a partir de março, o valor caiu a pique.

A taxa de subutilização (em percentagem da população ativa alargada) situou-se em 12,7% em junho de 2021, exatamente o mesmo valor de março de 2020. Só em outubro e novembro de 2019 é que o valor foi ligeiramente mais baixo (12,6%) na série histórica que começa em 2011.

Na comparação homóloga é possível chegar a uma conclusão sobre a razão por detrás da queda da subutilização do trabalho. Comecemos pelo número de desempregados, a maior destas categorias, tendo descido de 372,4 mil em junho de 2020 para 356,1 mil em junho de 2021 (dados ajustados de sazonalidade), o que corresponde a menos 16,3 mil desempregados.

O subemprego de trabalhadores a tempo parcial também desceu, passando de 149,3 mil para 138,5 mil (menos 10,8 pessoas), mas a grande diferença está nos inativos disponíveis mas que não procuram emprego, ou seja, nas pessoas que “desistiram” de procurar por trabalho por causa da pandemia. Eram 281,3 pessoas em junho de 2020, mas um ano depois passaram para quase metade: 150,3 mil, menos 121 mil pessoas.

Com o fim de várias restrições e a adaptação ao “novo normal”, estas milhares de pessoas voltaram a procurar trabalho e encontraram-no (caso contrário a população desempregada teria subido muito mais). Esta conclusão também é compatível com o aumento da população empregada, a qual já superou o valor de março de 2020.

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