TAP enfrenta risco de falta de liquidez a curto prazo, diz S&P

Agência está preocupada com a tesouraria da companhia aérea, mas vê uma "probabilidade moderadamente elevada" de o Governo conseguir dar novos apoios à companhia.

“A liquidez da transportadora nacional portuguesa TAP SGPS tem sido prejudicada pelo atraso na recuperação do tráfego aéreo de passageiros e corre o risco de falta de liquidez no curto prazo”, afirma a S&P Global Ratings numa nota divulgada quarta-feira.

A agência de notação financeira estima que a companhia tivesse cerca de 550 milhões de euros em tesouraria a 30 de junho (contra 534,6 milhões no final de 2020), mas “dado que se espera que o fluxo de caixa operacional seja profundamente negativo, isso pode ser insuficiente para cobrir as necessidades totais de liquidez para os próximos 12 meses“.

A S&P estima que os 1,2 mil milhões injetados na companhia em 2020 — que motivaram uma queixa da Ryanair no Tribunal Geral da União Europeia, obrigando a Comissão Europeia a reaprovar esta ajuda no mês passado — terão sido consumidos até ao final de junho.

Em maio a TAP recebeu mais 462 milhões, aprovados por Bruxelas ao abrigo da compensação de perdas relacionadas com a Covid-19 para o período de 19 de março de 2020 a 30 de junho de 2020. A agência acredita que mais apoios deste género poderão ser concedidos: “Entendemos que as perdas relacionadas com a Covid-19 também se estendem além deste período, o que pode dar à empresa o direito a compensação adicional, embora não o incluamos na nossa análise de liquidez.

A agência sublinha o facto de o Governo português ainda não ter recebido a aprovação da Comissão Europeia para ajudas públicas adicionais à TAP, mas continua a ver “uma probabilidade moderadamente elevada de o Governo português fornecer um apoio extraordinário à TAP em caso de necessidade”.

A classificação atribuída pela S&P — que está em “B-” depois da revisão em baixa a 20 de maio — incorpora ainda a expectativa de que companhia venha a receber a ajuda do Estado. Sem isso, o rating estaria dois níveis abaixo, em “CCC”, o quinto mais baixo numa escala de 22, indicativo de um muito elevado risco de crédito. A agência continua a considerar que “sem auxílios, a estrutura de capital da TAP é insustentável”.

A agência de notação financeira mantém também o outlook negativo para a TAP, podendo o rating ser cortado em um ou dois níveis se os auxílios de Estado não tiverem luz verde da Comissão Europeia ou a empresa não receber “apoio financeiro suficiente e atempado do Governo português para garantir a sua posição de liquidez “.

A S&P prevê que a receita do setor na Europa este ano seja 30% a 50% dos níveis de 2019, com a TAP a situar-se no meio deste intervalo (40%). A nova vaga de medidas restritivas relacionadas com a pandemia no primeiro semestre de 2021 e o surgimento de novas variantes de vírus desacelerou a recuperação da procura por viagens aéreas na Europa, nota a agência norte-americana. “A atividade económica e social começou a normalizar, mas a eficácia da vacina contra novas variantes, que parecem ser mais transmissíveis, tem levantado dúvidas”, conclui.

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