Jorge Portugal: “Economia circular é muito mais do que reciclagem”
O diretor-geral da COTEC Portugal, Jorge Portugal, alertou esta sexta-feira, em Madrid, que "economia circular é mais do que reciclagem" e que os países do sul da Europa podem liderar a transição.
Naquela que foi a primeira sessão do 11º Encontro Anual COTEC Europa, Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal, interveio para dizer aos parceiros espanhóis e italianos que “os países do sul da Europa não estão atrás” dos da Europa central no que toca à transição para uma economia mais circular: “Queremos participar, pois temos todos os elementos para liderar este processo”, disse, no evento que decorre esta sexta-feira no Palácio Real de El Pardo, em Madrid.
O atual modelo económico é linear e, dada a finitude dos recursos, não é sustentável. “Uma indústria mais circular é uma transição que passa por mudar a natureza da produção e do consumo”, explicou. E passa por “criar uma relação sustentável com a natureza e com os recursos”. O conceito de economia circular assenta na ideia de que os recursos e os materiais devem ser aproveitados ao máximo, reduzindo o desperdício e reaproveitando quando possível.
Ainda assim, Jorge Portugal deixou o alerta: “A economia circular é muito mais do que reciclagem.” Para o diretor geral da Associação Empresarial para a Inovação, a Europa central “lidera o tema” desse ponto de vista, mas também é necessária uma compreensão destes e doutros temas “por parte da sociedade e não só dos empresários e decisores políticos”.
A chamada sharing economy é um bom exemplo que nada tem a ver com reciclagem e que, para o engenheiro, “há evidentes tendências” de que é bastante popular entre as camadas mais jovens. “Os nossos associados são players que lideram a mudança”, garantiu depois, apontando empresas como a Lipor, a Galp e a Secil, que têm empenhado esforços em adotar medidas mais de acordo com os valores da circularidade.
"Os nossos associados são players que lideram a mudança.”
Contudo, não se pode descorar a importância do “apoio público” ao “investimento em pesquisa e desenvolvimento”, uma vez que, indicou Jorge Portugal, “os problemas relacionados com a economia circular são multidisciplinares” e, sobretudo, carecem da geração de “novo conhecimento”.
O diretor-geral da COTEC Portugal terminou, deixando cinco mensagens aos homólogos italiano e espanhol, perante uma plateia de empresários e até do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral:
- Transitar para uma economia circular é possível (e deve ser feito) mantendo os mesmos níveis de consumo;
- É preciso cruzar a agenda da digitalização com a dos temas da economia circular;
- Os empresários do setor privado são um elemento-chave nesta transição;
- Há que investir em mais conhecimento e investigação;
- A transição deve ser gerida com cuidado, devido aos muitos desafios. Por isso, são necessários indicadores que meçam o progresso.
De recordar que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também está em Madrid e vai discusar, em conjunto com o Rei de Espanha, Filipe VI, e o Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella.
O ECO viajou para Espanha a convite da COTEC Portugal.
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