Banca europeia já pagou 10 mil milhões em dividendos este ano apesar da pandemia

O BCE diz que os bancos europeus cumpriram o seu pedido de não distribuir dividendos em 2020 e de o fazer de forma tímida este ano. Os acionistas da banca receberam 10 mil milhões de euros.

O braço de supervisão bancária do Banco Central Europeu (BCE) está satisfeito com os bancos que supervisiona por terem cumprido o pedido de não distribuir dividendos em 2020 por causa do impacto da pandemia. Segundo o BCE, por causa desta recomendação 28 mil milhões de euros em dividendos ficaram nos balanços dos bancos no ano passado, servindo de reserva de capital face a adversidades fruto da Covid-19. Em 2021, os bancos distribuíram 10 mil milhões de euros em dividendos “nos primeiros meses”.

Em 2020, o BCE colocou um travão nos dividendos dos bancos: apesar de não ser uma obrigação legal, os bancos acataram a orientação e retiveram os lucros nos seus balanços para lidar com as dificuldades da crise pandémica. O mesmo foi feito nos EUA e no Reino Unido, de forma a aumentar a capacidade dos bancos de absorver perdas decorrente de falências, por exemplo, e manter a capacidade de financiar a economia.

Pedir a todos os bancos para suspender os dividendos era a única ação prudente a tomar, mas foi uma decisão difícil“, admite o BCE numa publicação desta quarta-feira sobre a sua atividade como supervisor bancário da Zona Euro. “Alguns bancos criticaram a abordagem generalizada e argumentaram que esta não tinha em conta as características específicas de cada banco individual e dos seus modelos de negócio”, refere o BCE, especificando que a inibição de distribuir dividendos iria “enviar sinais negativos aos investidores”.

Apesar destas críticas, os bancos perceberam na generalidade os objetivos das recomendações do BCE, nomeadamente para manter a segurança e a solidez das instituições de crédito num período de stress e incerteza“, nota o banco central, referindo que tal permitiu que 28 mil milhões de euros de lucros ficassem nos balanços dos bancos europeus supervisionados pelo BCE.

Agora, após a recomendação de dezembro de 2020 em que pedia aos bancos para distribuíram apenas 15% dos seus lucros este ano, o BCE estima que os bancos distribuíram 10 mil milhões de euros em dividendos “nos primeiros meses” de 2021, o que é “menos de um terço dos dividendos que os bancos normalmente pagam num ano financeiro normal”.

“A análise sugere que a política de dividendos do BCE tem sido eficaz: os bancos que alteraram os seus planos de distribuição de dividendos aumentaram as provisões em 5,5% e o financiamento à economia real cresceu 2,5%, em comparação com os bancos que deixaram os seus planos de distribuição de dividendos intactos (porque já tinham distribuído os dividendos antes da recomendação, ou porque não tinham a intenção sequer de distribuir dividendos)”, descreve o supervisor bancário.

A partir de setembro, com o fim das restrições do BCE, a distribuição de dividendo volta à prática habitual em que o o bano central analisa caso a caso, cabendo a decisão final às administrações dos bancos. Porém, o regulador avisa que “tal não significa” que a incerteza sobre a evolução da pandemia e o seu impacto económico “tenha desaparecido”. Por isso, os bancos europeus devem continuar “vigilantes” uma vez que “a crise continua a trazer desafios para os seus balanços e posições de capital”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Banca europeia já pagou 10 mil milhões em dividendos este ano apesar da pandemia

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião