Sandra Ortega arranca com resort em Tróia já em setembro

Câmara de Grândola espera emitir primeiras licenças para o resort de luxo "nos próximos dias". Herdeira do grupo Inditex reduziu projeto para apenas 20% do permitido.

O resort de luxo que Sandra Ortega, a herdeira do grupo Inditex, vai fazer nascer em Tróia deverá começar a ser construído ainda no mês de setembro. A informação foi adiantada ao ECO por fontes do mercado imobiliário e confirmada pela própria autarquia de Grândola. “Na Praia” terá uma área de cerca de 30 mil metros quadrados e vai nascer em terrenos comprados à Sonae Capital.

É na freguesia do Carvalhal, na península de Tróia, que vai nascer o projeto turístico “Na Praia”, o primeiro investimento da filha do homem mais rico de Espanha em Portugal. Em 2018, Sandra Ortega comprou à Sonae Capital três lotes de terreno por 50 milhões de euros, num total de 340 hectares, e em 2016, quando foi assinado o contrato de promessa compra e venda, já se falava na construção de um empreendimento turístico.

Agora, o projeto está finalmente a dias de arrancar. “Está na fase final de apreciação das infraestruturas do plano de urbanização”, diz ao ECO o presidente da Câmara de Grândola, explicando que foram pedidos vários elementos adicionais à empresa responsável. “Se esses elementos estiverem todos corretos, acredito que nos próximos dias, ainda durante setembro, possa ser licenciado o projeto”, afirmou António de Jesus Mendes. Uma vez licenciado o projeto, o alvará é emitido imediatamente, explicou, “e os proprietários podem começar com as obras”.

O primeiro passo — alvará de loteamento — passa, assim, pelas obras de infraestruturas, ou seja, preparação dos terrenos: criação de estradas/ruas, instalação da rede elétrica e água, etc. Além disso, será feita a recuperação das dunas e a sua reflorestação com espécies autóctones, um processo que passa pelo arranque de eucaliptos e outras espécies, substituindo-os por pinheiros ou zimbreiras, numa intervenção em 200 hectares, como explicou em 2019 o sócio da Sandra Ortega em declarações ao Expresso (acesso pago).

Para se iniciar, efetivamente, a construção dos edifícios, a Câmara de Grândola tem ainda de aprovar o projeto de arquitetura. Sobre este ponto, a autarquia recusou dar mais detalhes.

Ao ECO, o presidente da Câmara adiantou apenas que o “projeto sofreu alterações, de acordo com aquilo que foram as recomendações de várias entidades, sobretudo ligadas ao ambiente”. António de Jesus Mendes acrescentou que a volumetria do projeto foi reduzida em 80% e que “não foi exigência de ninguém”, mas não quis entrar em mais pormenores.

Apesar dos impactes reconhecidos, projeto tem “luz verde” do Ambiente

Esta redução da volumetria do projeto já era pública. Em 2019, o sócio da Sandra Ortega referiu ao Expresso que o projeto iria ocupar apenas 20% do permitido pelo plano de pormenor. “Dos 153 mil metros quadrados de construção aprovados para as duas UNOP, só vamos fazer 31 mil”, disse José António de Sousa Uva, proprietário da reconhecida Herdade São Lourenço do Barrocal, em Monsaraz.

O projeto esteve em consulta pública entre janeiro e fevereiro de 2020, tendo recebido, na maioria, opiniões de discordância, como se pode ver no site Participa. O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) também concluiu que “o impacte ‘eliminação de habitats'” é “negativo, direto, certo, permanente, irreversível, de magnitude forte e muito significativo”, mas, apesar disso, a Comissão de Avaliação de Impacte Ambiental acabou por dar “luz verde”.

De acordo com os documentos consultados pelo ECO, o “Na Praia” previa a construção de um hotel de cinco estrelas, três aldeamentos turísticos e dois equipamentos de desporto e lazer, num total de 123 unidades de alojamento e 506 camas. Ao ECO, o presidente da Câmara de Grândola referiu que “isso mantém-se”, tendo sido reduzidas apenas as volumetrias.

Nas mesmas declarações ao Expresso, José António de Sousa Uva referiu que, numa primeira fase, iriam ser construídas 100 unidades de alojamento, distribuídas por um hotel e um aldeamento turístico. Isto resultaria num investimento inicial de cerca de 20 milhões de euros e deveria ficar concluído até meados de 2024. Mas, nessa altura, o sócio de Sandra Ortega estimava que as obras pudessem começar em 2020, o que acabou por não acontecer.

Relativamente à arquitetura do projeto, António de Sousa Uva referiu que esta iria privilegiar “materiais locais” e seria pensada “num conceito turístico que assenta na proximidade com a natureza”. O “Na Praia” inclui ainda várias recomendações constantes da Declaração de Impacte Ambiental (DIA), nomeadamente a criação de um posto médico dotado de heliporto para o INEM ou um parque de estacionamento com 750 lugares.

O ECO contactou José António de Sousa Uva, sócio de Sandra Ortega, mas este recusou fazer quaisquer comentários.

Sandra Ortega, com 53 anos, é atualmente a mulher mais rica de Espanha, com uma fortuna estimada em 6.320 milhões de euros, de acordo com o jornal espanhol Cinco Días. É ainda a segunda pessoa mais rica daquele país, ficando apenas atrás do pai, Amancio Ortega, o fundador do grupo Inditex, que detém marcas como a Zara e a Bershka.

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