Venda da Efacec vai para 3.ª fase e pode acabar dividida em duas

A DST e a Sodécia apresentaram propostas de compra da Efacec, mas exigem novas garantias públicas. Processo deverá passar para uma 3ª fase e admite-se que a empresa poderá ser "partida" em duas.

O Governo selecionou cinco candidatos para a segunda fase de reprivatização da Efacec, mas apenas dois apresentaram propostas vinculativas e, perante a natureza das ofertas, o Executivo já admite uma terceira fase de negociação com a DST e a Sodécia, que poderá levar à divisão da empresa industrial. “Ambas as propostas são más e exigem garantias de Estado”, confidenciou ao ECO uma fonte que acompanha a reprivatização de uma empresa considerada “estratégica”, a justificação do Governo para a nacionalização de 71,73% do capital que estava nas mãos de Isabel dos Santos.

O prazo limite para a apresentação de propostas vinculativas para a reprivatização da Efacec terminou no dia 19 de julho e a Parpública só recebeu duas – dos dois grupos portugueses DST e Sing-Investimentos Globais (ligada à empresa industrial Sodecia), tal como o ECO avançou em primeira mão. Nenhum dos outros três candidatos — o Chint Group Corporation, da China, a Elsewedy Electric, do Egito, e a espanhola Iberdrola — avançou para a segunda fase de apresentação de propostas vinculativas.

A razão para a desistência dos outros três candidatos são “simples”: uma degradação da situação financeira da companhia e perspetivas económicas crescentemente difíceis. A Efacec fechou o ano passado com uma dívida financeira de 184,2 milhões, mais 63,1 milhões face ao ano anterior. Apesar de o relatório e contas mencionar um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de 20,2 milhões de euros, em 2020, na due diligence os concorrentes apontam antes para um EBITDA negativo ajustado de 60 milhões em 2020 e da ordem dos 30 milhões este ano, apurou o ECO junto de outra fonte.

As duas candidaturas apresentaram propostas de compra da posição acionista do Estado com valores marginais, entre um euro e um milhão de euros, e ambas consideram que será necessário um plano de investimento de dezenas de milhões de euros para a recuperar. Por outro lado, exigem garantias públicas que, na prática, poderão transformar-se em mais investimento público na empresa, depois da garantia a um empréstimo de 70 milhões de euros. Perante este cenário, o Governo está inclinado a avançar para uma nova fase de negociação com as duas empresas, admitindo que poderá ser necessário “partir” a Efacec entre as áreas da mobilidade e industrial, com o objetivo de limitar os riscos para o Estado na operação.

Contactado oficialmente, o Ministério da Economia tutelado por Siza Vieira (que protagonizou a nacionalização da empresa) remeteu qualquer resposta para as Finanças. E o ministério de João Leão, questionado pelo ECO, limitou-se a responder que o processo de análise das propostas está a decorrer e qualquer decisão será tomada em Conselho de Ministros.

Quem são as duas candidatas?

Com sede em Braga e cerca de 1.600 trabalhadores, o DST Group está presente em diversos países, desde África à Europa, passando pelos continentes americano e asiático, com projetos internacionais nas áreas de negócio da engenharia e construção, energias renováveis e ambiente. Desenvolvendo a sua principal atividade na área da engenharia e construção, setor que lhe deu origem – nos anos 40 – e no qual é um dos grupos nacionais de referência, a DST tem vindo a alargar a sua atividade para áreas de negócio sinérgicas como o ambiente, energias renováveis, telecomunicações, imobiliário e “ventures”.

A outra candidata portuguesa à reprivatização da Efacec é a Sing – Investimentos Globais, SGPS, S.A., a holding da empresa industrial portuguesa Sodecia, ligada a componentes do setor automóvel. Fundada em 1980 e com sede na Maia, a Sodecia emprega cerca de 7.000 colaboradores e oferece soluções completas para automóveis, desde a carroçaria à motorização e sistemas de segurança.

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