Economia mundial vive “recuperação a duas velocidades”
A chanceler Angela Merkel, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio alertaram que o mundo está a viver uma "recuperação a duas velocidades".
O Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) alertam que a recuperação “a duas velocidades” da crise do novo coronavírus ameaça deixar para trás os países em vias de desenvolvimento.
Os líderes destas instituições, reunidos na quinta-feira em Berlim com a chanceler alemã, Angela Merkel, apontaram que esta divergência se deve a um acesso desigual à vacina contra o novo coronavírus e às dificuldades dos países emergentes e em vias de desenvolvimento em manter as ajudas à economia, relatou o jornalista Juan Palop, da Efe.
“Na pandemia estamos a viver uma recuperação a duas velocidades”, disse Merkel, que dirigiu pela 13.ª e última vez este encontro na chefia do governo com os dirigentes destas organizações multilaterais.
A diretora-geral do Fundo, Kristalina Georgieva, indicou que as últimas previsões são otimistas, mas que as médias ocultam tendências preocupantes, uma vez que “as divergências se agravam e aprofundam”. Para este ano, o FMI espera um crescimento médio global de 6%. Mas, desde que publicou esta previsão, as perspetivas para os países industrializados “melhoraram”, enquanto para a maioria dos emergentes se “agravaram”.
Isto, salientou, representa três riscos: que os emergentes fiquem para trás, que se percam os avanços recentes na luta contra a pobreza e que estes países tenham de interromper as ajudas públicas à economia por falta de dinheiro.
Georgieva acrescentou que é “importante” que os países industrializados mantenham os estímulos e que não os retirem nem “depressa” nem “de forma repentina”. Admitiu ainda que as estimativas do FMI podem mudar em contexto de grande incerteza, provocada pela pandemia — mencionando o facto das variantes do novo coronavírus — e realçou que “a recuperação é tudo menos segura”.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, indicou que a “divergência” também se está a perceber de forma cada vez mais evidente no comércio internacional.
“A Europa e a América do Norte estão a recuperar, mas África e América Latina não”, assinalou, advertindo que “uma recuperação a duas velocidades” é “uma preocupação para todos” num mundo interligado.
Recordou que a OMC prevê que o comércio internacional cresça 8% este ano e 4% em 2022, se bem que com diferenças importantes entre países e setores.
Na sua opinião, é “importante” um “acesso igual” às vacinas, porque a atual “desigualdade” é um “problema”. Sublinhou que 80% das vacinas contra o novo coronavírus são produzidas em apenas 10 países, instando à sua descentralização para chegar a mais pessoas e evitar problemas de abastecimento.
A imunização da população, prosseguiu, “é o único caminho para uma recuperação sustentável, especialmente para os países em vias de desenvolvimento”.
Neste sentido, por um lado, Georgieva apontou que “a primeira das muitas prioridades” existentes na agenda multilateral “é a vacinação da população”. Por outro lado, a diretora do FMI chamou a atenção para a probabilidade de ocorrerem “mais choques” externos sobe a economia internacional, em particular por causa das alterações climáticas.
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