Preço grossista da eletricidade bate recorde acima dos 152€/MWh
De um dia para o outro o preço médio por MWh no Mibel aumentou 10,61 euros e chegou a valores máximos históricos de 152,32€/MWh, mais do que o triplo face ao registado no ano passado.
O preço da eletricidade no mercado grossista ibérico (Mibel) deu um novo salto de gigante e estará a valer esta sexta-feira em média 152,32 euros por MW/h (máximo de 159,31€/MWh e mínimo de 146,29€/MWh). Um valor nunca antes visto no mercado spot da Península ibérica e que que constitui mais um máximo histórico para somar à lista de 2021.
O dia anterior tinha já sido de pico, com a energia elétrica a chegar esta quinta-feira a uma média de 141,71€/MWh em Portugal e Espanha. Isto depois de a energia elétrica ter oscilado entre um máximo de 155,62€/MWh e a um mínimo de 120,92€/MWh.
Agosto foi um mês de recordes no Mibel. Quanto a setembro, e ao nono dia do mês, são já três os recordes batidos. Logo a 1 de setembro foi registado um novo máximo histórico de 132,47€/MWh, seguido de outro a 2 de setembro, de 140,23€/MWh. Depois de alguns dias de alívio, com preços ligeiramente mais baixos, o mercado grossista de eletricidade na Península Ibérica está de novo em alta e chegou esta quinta-feira a uma média de 141,71€/MWh em Portugal e Espanha.
Agosto teve oito recordes (cinco deles em dias consecutivos, entre os dias 9 e 13), o que fez com que o mês fechasse com um um preço médio de 105,99 euros/MWh em Portugal, ligeiramente acima do que no mercado espanhol (105,94€/MWh). O preço médio para setembro já está nos 134,59€/MWh nos dois países.
Em termos anuais, mostra o Data Hub da REN que o preço médio no Mibel está nos 71,33 euros por MWh.
Qual será o impacto para as contas da luz das famílias?
Estes valores levaram já o secretário de Estado da Energia, João Galamba, a admitir que os preços da eletricidade para os consumidores portugueses podem afinal vir a subir em 2022. Só não sabe dizer ainda quanto — “se 1% ou 0,5%” — mas garantiu que “as subidas não serão muito elevadas” (na ordem dos 30%, 40% ou 50%) e serão seguramente abaixo do que se verificará nos restantes países europeus, o que “melhorará a competitividade do país”.
Em Espanha, o Governo já admitiu que as contas da luz podem disparar 25% ainda este ano e está já a agir no imediato para travar o impacto dos preços elevados no mercado grossista ibérico nas faturas das famílias com um “pacote de leis”. Por cá, Galamba rejeita seguir esse exemplo.
O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, disse que o Governo dispõe de muitas “almofadas” para inibir uma subida dos preços da luz e evitou falar em subidas para 2022. A ERSE vai apresentar a sua proposta tarifária para o próximo ano a 15 de outubro.
“Ao contrário do que tem acontecido em Espanha, os consumidores domésticos em Portugal não têm tido aumentos do preço da eletricidade de 15, 20 ou 30%. Aliás, ainda não tiveram aumento nenhum, à exceção da atualização de 3% na tarifa regulada em julho”, disse Galamba esta semana.
A mesma sorte não têm as empresas e as indústrias. “Nos industriais, por razões várias, o impacto é diferente, porque estão mais expostos ao preço da energia. E isto é tanto mais verdade quanto mais eletrointensivos forem”. Para estes grandes consumidores, o Governo está já a preparar um pacote de medidas para mitigar o impacto dos preços altos no mercado grossista, sobretudo através de incentivos ao autoconsumo e instalação de sistemas solares fotovoltaicos.
Mas não é só na Península Ibérica que os preços da eletricidade estão a subir. No início desta semana os preços do gás natural chegaram também a máximos históricos na Europa, ameaçando fazer disparar em 20% as faturas de energia dos consumidores de países como o Reino Unido ou a Alemanha, de acordo com os analistas do Citigroup, citados pela Bloomberg.
Na Alemanha foram já registados picos de 90€/MWh, o dobro face ao início do ano, e acima dos anteriores recordes atingidos no verão de 2008 quando o petróleo chegou a 105 dólares por barril. Por terras britânicas, várias comercializadoras em mercado já aumentaram as tarifas para os clientes domésticos.
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