Preço da eletricidade bate novo recorde acima dos 140 euros por MWh

Depois de oito recordes batidos em agosto, o mês de setembro começa assim com dois novo máximos históricos do preço da enegria elétrica comercializada no MIbel.

O salto é de gigante: o preço da eletricidade no mercado grossista ibérico (Mibel) disparou e vai atingir, esta quinta-feira, 2 de setembro, um novo pico histórico de 140,23€/MWh (máximo de 148€/MWh e mínimo de 137€/MWh), de acordo com o Omie, operador de mercado elétrico para a gestão do mercado diário e intradiário de eletricidade na Península Ibérica.

Será o quarto recorde consecutivo em quatro dias. Isto depois dos 124,45€/MWh registados na segunda-feira, dos 130,53€/MWh de terça-feira e do anterior novo máximo de 132,47€/MWh esta quarta-feira.

O mês de agosto teve assim oito recordes (cinco deles em dias consecutivos, entre os dias 9 e 13), o que fez com que o mês fechasse com um um preço médio de 105,99 euros/MWh em Portugal, ligeiramente acima do que no mercado espanhol (105,94€/MWh).

Em termos anuais, mostra o Data Hub da REN que o preço médio no Mibel para 2021 está já acima dos 69 euros por MWh.

Governo quer inibir aumento das contas da luz

Para já, este é o cenário — nada animador — nos mercados grossistas, mas mantêm-se a dúvida sobre quais serão as consequências desta alta e preços sem precedentes no Mibel. Em Espanha o impacto já é visível, com a taxa de inflação a subir para os 3,3% em agosto, o valor mais elevado registado desde 2012. A ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, foi ao Parlamento avisar que a fatura da eletricidade pode disparar 25% este ano: dos 512 euros em 2020 para 644 euros em 2021, em termos médios anuais.

Por cá, o Governo “está atento”, sem alarmismos, mas descarta aumentos e fala em “medidas em benefício dos consumidores” —, com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, a sublinhar que dispõe de “muitas almofadas” para “inibir o aumento do preço da eletricidade aos consumidores” em 2022 ou, até mesmo, “reduzir” esse preço.

Disse ainda que o Governo tem “uma vontade muito grande, sem qualquer promessa, de fazer com que a eletricidade não aumente”, mas lembrou que o aumento dos custos de produção de eletricidade (por causa dos preços do gás natural e das licenças de emissões de CO2 em alta) “é um fator que inibe a possibilidade de podermos reduzir” tarifas.

Deco diz que “almofadas” políticas não vão travar preços

A defesa do consumidor alertou ao ECO/Capital Verde que alguns comercializadores de menor dimensão que operam no mercado livre já se viram forçados a atualizar os seus tarifários por causa da alta de preços no Mibel. A tendência pode alargar-se a todo o mercado, por isso a Deco Proteste pede uma descida do IVA da luz para uma taxa mínima de 6% em toda a fatura de eletricidade.

Do lado das grandes elétricas, como a EDP, Endesa e Galp, fica a promessa que não vão mexer nos tarifários este ano, estando a aguardar a proposta tarifária da ERSE para 2022.

Diz a Deco que o Governo pode intervir já em algumas componentes da tarifa que dependem da decisão politica, e isso pode refletir-se na proposta tarifária. “Mas esta atuação será escassa para contrabalançar o quase triplicar do preço no mercado grossista”, atesta, em declarações ao ECO/Capital Verde.

“Perante a dimensão do aumento do preço da eletricidade, não é razoável assumir que o preço atual final se mantenha, pelo que no imediato será de todo desejável uma intervenção a nível fiscal, nomeadamente sobre a taxa de IVA”, diz a defesa do consumidor.

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