Sondagem indica que portugueses apoiariam Merkel para “presidente” da Europa
A maioria das pessoas questionadas, nomeadamente os holandeses (58%), espanhóis (57%) e portugueses (52%), votariam em Angela Merkel em vez de Emmanuel Macron para um cargo de "presidente" da Europa.
Uma pesquisa do European Council on Foreign Relations mostra que os portugueses estão entre os três primeiros povos europeus que escolheriam Angela Merkel para um cargo de “presidente” da Europa.
O European Council on Foreign Relations, um grupo de estudos internacionais fundado em 2007 e com sede em Londres, realizou uma série de sondagens sobre “o que esperam os europeus depois das eleições na Alemanha” com base no fim do que chamou “merkelismo”, a saída de Angela Merkel, de 67 anos, do cargo de chanceler para o qual foi eleita pela primeira vez em novembro de 2005.
Uma das pesquisas analisada mostra que a maioria das pessoas questionadas, nomeadamente os holandeses (58%), espanhóis (57%) e portugueses (52%), “votariam em Angela Merkel em vez de Emmanuel Macron” para um cargo de “presidente” da Europa.
A pesquisa foi realizada em 12 países europeus sendo que em relação às preferências entre Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, os alemães surgem na sexta posição.
“Uma das surpresas nos dados que foram apresentados diz respeito às expectativas positivas em relação à liderança alemã em assuntos como economia e finanças. Se recuássemos dez anos estaríamos no meio da crise da Zona Euro, da crise bancária e da dívida soberana”, disse Daniela Schwarzer, diretora para a Europa e Ásia da Open Society Foundation que analisou o assunto durante o debate que decorreu esta terça-feira sobre o fim da “era Merkel”.
Neste sentido Schwarzer recordou que há dez anos a Alemanha impôs decisões económicas, em conjunto com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, que serviram “interesses próprios” de Berlim e que foram “profundamente criticadas” em particular pelos países do sul da Europa.
A Alemanha tentava “defender” o paradigma da Zona Euro e controlar as políticas nacionais através da “austeridade” em cada um dos países afetados pela crise económica e financeira.
“Por isso, são surpreendentes estes dados que mostram que a maioria dos europeus (…). Por isso, temos de perceber que o mundo entretanto mudou”, disse Daniela Schwarzer, enfatizando que a presença internacional da República Popular da China tem atualmente um papel determinante.
Para a especialista, os europeus demonstram consciência do papel da Europa no mundo, do ponto de vista económico e financeiro face às outras potências.
“Agora, o futuro vai depender da composição do (futuro) governo alemão. Os democratas-cristãos da CDU têm sido muito cautelosos em relação a mudanças na Zona Euro, em questões relacionadas com risco ou solidariedade financeira ou o uso de instrumentos financeiros como vimos com o Fundo de Recuperação. Os social-democratas do SPD não têm sido muito diferentes, mas existem divergências de pensamento”, sublinhou.
Sobre as diferenças de fundo entre a CDU e o SPD, Daniela Schwarzer destacou a política fiscal, referindo que se trata de um assunto onde a Alemanha e a França podem encontrar convergências, em particular, mas que tudo vai depender das presidenciais francesas e da composição do futuro Governo alemão.
Uma outra pesquisa diz respeito à confiança dos europeus na defesa dos interesses económicos da União Europeia, na salvaguarda de Direitos Liberdades e Garantias e relações diplomáticas.
Assim, 36% do total dos inquiridos nos 12 países europeus dizem estar confiantes em relação à Alemanha em matérias como economia e finanças; 35% confiam em Berlim na defesa de democracia e direitos humanos; 25% nas relações com os Estados Unidos; 20% nas relações com a Rússia e 17% nas relações com a República Popular da China.
Em particular, a Hungria é o país que mais confia na Alemanha no que diz respeito à capacidade de gerir as relações com as grandes potências mundiais.
Os alemães surgem em terceiro lugar e os portugueses como o oitavo país na lista sobre a capacidade de Berlim em gerir as relações com os Estados Unidos, a Rússia e a República Popular da China.
O estudo foi apresentado pelo universitário Piotr Buras, do European Council on Foreign Relations em Varsóvia, que, referindo-se ao final da “era Mekel” e ao futuro da Alemanha, depois das eleições de 26 de setembro, disse que a “idade de ouro” do país “está no passado” e que os alemães têm de mostrar capacidade para se reinventarem.
“Não tenho opções. Tenho de ser otimista. O que mostramos no nosso estudo é o paradoxo alemão. A Alemanha quando olha para trás vê uma era de grande sucesso com Angela Merkel, mas este modelo é politicamente insustentável. A Alemanha tem de se reinventar em muitas áreas. Podemos pensar num futuro melhor, na União Europeia e também na Alemanha e isto está nas mãos dos alemães. Saírem das sombras do passado glorioso”, disse Piotr Buras.
O universitário de Varsóvia apontou como “desastroso” o acordo energético entre a Alemanha e a Rússia (Nord Stream 2), a política de Defesa sobretudo em relação à missão militar no Afeganistão (em que participou um total de 150 mil soldados alemães), e as “hesitações” no que diz respeito a políticas climáticas e ao envelhecimento da população alemã.
Mesmo assim destacou a capacidade de Angela Merkel “na resolução de conflitos e em evitar crises”.
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