Há uma nova empresa a rebocar navios no Porto de Lisboa
A Rebonave juntou-se à holandesa Iskes e fundou a Port Towage Lisbon (PTL), uma nova empresa a operar rebocadores no Porto de Lisboa. Responsável fala de "sobrevivência" e denuncia "monopólio".
Opera, desde o início do ano, uma nova empresa de reboques e assistência naval no Porto de Lisboa. A firma, batizada de Port Towage Lisbon (PTL), resulta de uma joint-venture entre a portuguesa Rebonave e a empresa holandesa Iskes, cada uma com uma fatia de 50% da nova companhia. A atividade iniciou-se logo no primeiro dia do ano, a cargo de “uma moderna frota de rebocadores de ambas as empresas”, indicou a Rebonave em comunicado.
A gestão operacional da PTL é da responsabilidade da Rebonave, liderada por José Costa. Em entrevista ao ECO, por email, o também managing director da nova empresa avança que “está previsto um aumento de receita na ordem dos 40% no primeiro ano de operação. Especializado ao semestre admite-se um crescimento mais suave no primeiro trimestre e mais acelerado no segundo semestre do ano em curso”, indica.
No Porto de Lisboa, desde 18 de dezembro, está já um novo rebocador enviado pela Iskes, que foi “alvo de uma modernização profunda”, frisa José Costa. “Acreditamos ter encontrado na Iskes o parceiro certo, com o foco na prestação de um serviço de excelência aos clientes, com o mesmo rigor, nomeadamente na manutenção de uma frota de rebocadores, e postura que entendemos adequada”, refere.
Com uma frota de onze rebocadores, a Rebonave opera em Lisboa e Setúbal e, particularmente, no Estaleiro Naval da Lisnave. Também “realiza operações costeiras, oceânicas e de resgate e salvamento”. Detém uma participação na Reboport, “empresa concessionária do Porto de Sines, com uma frota de seis rebocadores”, lê-se num comunicado.
Admitimos um crescimento na ordem dos 40%, em relação ao ano passado.
Uma questão de concorrência
Em dezembro, num comunicado, a Rebonave indicava que “vários operadores portuários” manifestavam “preocupação com a oferta de contratos globais, suportados numa prática de monopólio, resultando inevitavelmente numa limitação da competitividade do porto, por uma regulação em alta dos preços”. A PTL nascia assim para “dar uma resposta alternativa, competente e de qualidade”.
Questionado acerca o assunto, José Costa, sem referir nomes, explica que “no mercado existem quatro empresas portuguesas e uma empresa multinacional”. “Esta última, entre muitas outras ‘técnicas’, utiliza a sua dimensão e presença noutros portos para assegurar contratos de prestação de serviços globais, originando, na prática, um monopólio nos portos onde decide estar”, denuncia. E acrescenta: “Os navios, quando demandam os nossos portos, já vêm contratualizados.”
Ao que o ECO apurou, para além da Rebonave (Lisboa) e da Reboport (Sines), as empresas a operar no mercado português são a Aguanave (Lisboa), a Norschif (Funchal) e a Svitzer (Lisboa), esta última uma empresa multinacional com sede na Dinamarca.
Segundo José Costa, a situação resulta numa “regulação de preços ‘em alta’ pura e simplesmente por ausência de concorrência”: “Esta fase de regulação em alta é antecedida por uma fase de forte manipulação de preços anormalmente baixos, com características predatórias, que levam à eliminação da concorrência, em particular se de PMEs [pequenas e médias empresas] se tratar, mesmo com a robustez e solidez estratégica, financeira e operacional da nossa”, alerta. “É apenas uma questão de tempo”, sublinha.
“Esta é também uma das razões que nos obrigam a procurar parceiras externas que, numa primeira análise, decorrem da necessidade de sobrevivência”, diz José Costa, garantindo não se tratar de um fenómeno exclusivo do Porto de Lisboa. O empresário acredita que estas são práticas que são “do conhecimento da tutela e da Autoridade da Concorrência” que, recentemente, terá feito “uma avaliação ao setor concluindo que estava tudo bem”, conclui o responsável da PTL.
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