Miguel Maya afasta “ideia catastrófica do fim das moratórias”

BCP olha com tranquilidade para o fim das moratórias, mas não deixa de estar preocupado com as empresas que só agora começam a ter as primeiras receitas, ano e meio depois do início da pandemia.

O fim das moratórias bancárias não assusta o CEO do BCP, que afasta a “ideia de catástrofe” e “desastre completo” quando milhares de clientes tiverem de retomar o pagamento dos empréstimos a partir desta quinta-feira. Miguel Maya não deixa, ainda assim, de manifestar alguma preocupação em relação a um “conjunto pequeno” de empresas que só agora começam a ter as primeiras receitas após o “grande confinamento” e ainda não estarão em condições de voltar a pagar aos bancos.

“Globalmente, diria que estou razoavelmente tranquilo. Mas estou francamente preocupado com um conjunto pequeno de situações, [pois] cada situação é uma situação relevante”, sublinhou Miguel Maya à margem da gala de entrega dos Investor Relations and Governance Awards, da Deloitte, que teve lugar em Lisboa na passada quinta-feira.

“Se olhar, como devo olhar, para a realidade de cada empresa em concreto, é muito difícil poder dizer que estou confortável quando sei que há empresas que tinham feito um planeamento financeiro contando com determinados cash flows normais e que ainda hoje não têm os clientes a poderem frequentar os seus estabelecimentos”, acrescentou o gestor, dando o exemplo dos estabelecimentos de diversão noturna, que só agora podem abrir portas ano e meio depois do início da pandemia.

"Globalmente, diria que estou razoavelmente tranquilo. Mas estou francamente preocupado com um conjunto pequeno de situações, [pois] cada situação é uma situação relevante.”

Miguel Maya

CEO do BCP

Para o CEO do BCP, os bancos tiveram o “grande mérito de não desativar o escudo protetor enquanto a bomba pudesse rebentar” durante o último ano e meio em que as muitas empresas estiveram sem negócio por causa das restrições da pandemia.

E só agora este escudo é retirado quando a “grande maioria das empresas estão a ter cash flows razoáveis”, o que permite a Miguel Maya ter um olhar de relativa tranquilidade para o cenário macro.

Para as empresas dos setores vulneráveis, como a hotelaria, restauração e comércio, o Governo avançou com uma linha de garantias de mil milhões de euros para ajudar bancos e empresários a reestruturarem os créditos em moratória, embora o setor considere as condições desta linha muito restritivas ao ponto de a tornar pouco útil para resolver os problemas.

De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, as empresas dos setores mais afetados pela pandemia tinham mais de oito mil milhões de euros de crédito em moratória, quase 23% do total dos empréstimos (um total de 36 mil milhões de euros) que estão em suspenso.

Apesar destes números, Maya rejeita que o fim das moratórias vá ser uma catástrofe e um desastre completo e que os bancos fizeram as “coisas bem feitas e com rigor” que vai permitir suavizar o impacto do fim desta medida, ano e meio depois de ter sido introduzida.

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