Justiça é a instituição em que os portugueses menos confiam

Um inquérito da Deco Proteste mostra a desconfiança dos portugueses no sistema judiciário, na Autoridade da Concorrência e no Banco de Portugal. No topo da lista, só a escola pública supera Marcelo.

O sistema judiciário (4) é a instituição em que os portugueses depositam menos confiança, de acordo com um inquérito realizado pela Deco Proteste e em que surgem também a Autoridade da Concorrência (4,4) e o Banco de Portugal (4,9) no grupo das avaliações mais baixas.

No extremo oposto desta tabela, divulgada poucos dias depois de um novo abalo na Justiça portuguesa com a fuga de João Rendeiro para o estrangeiro, surge o ensino público (6,9). Para medir os níveis de confiança, os 1.516 inquiridos em Portugal atribuíram uma classificação de 1 a 10.

Só a escola pública supera o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (6,7), com o Exército (6,6) a Polícia (6,5) e o Serviço Nacional de Saúde (6,3) a completarem o top 5. A Deco assinala que a gestão da pandemia de Covid-19 “contribuiu para melhorar a imagem” das autoridades de saúde, uma vez que, no inquérito feito em 2016, o índice de confiança no SNS tinha sido de 5,1.

Ainda assim, sublinha num comunicado divulgado esta segunda-feira, parece haver “um longo caminho a percorrer na melhoria do sistema”, dado que o grau de conhecimento e de confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS) oscilou consoante as perguntas realizadas entre abril e maio de 2021, em questionários online ou em papel, a uma amostra da população adulta, entre os 18 e os 75 anos.

“Um terço dos inquiridos, por exemplo, desconhece o valor das taxas moderadoras em vigor no SNS, e 40% não sabe como apresentar uma reclamação dos serviços prestados. Metade dos portugueses revela baixa confiança no SNS para responder atempadamente às suas necessidades, sobretudo devido ao aumento das listas de espera com a pandemia”, escreve a organização portuguesa de defesa dos consumidores.

E lá fora, de quem é que os portugueses desconfiam? A Organização Mundial de Saúde (5,8), apesar de ligeiramente reforçada em relação aos resultados de há cinco anos, antes da pandemia, vê 41% dos portugueses a não acreditar na independência da instituição, “perante os interesses da indústria farmacêutica ou dos governos”.

Seja por causa da ação dos eurodeputados, seja pela crença de que a instituição privilegia certos países e grupos económicos, o Parlamento Europeu é a outra instituição internacional com pouco nível de confiança dos portugueses (5,4 nesta escala de 1 a 10). Ainda assim, com uma pontuação superior à Comissão Europeia (5).

Num comentário global aos resultados, Rita Rodrigues, responsável de relações públicas da Deco Proteste, sublinha que “uma das razões para a desconfiança parece estar relacionada com a convicção de um elevado número de inquiridos de que estas organizações não são independentes e são permeáveis a interesses de governos ou de grupos económicos, por isso, melhorar o acesso dos cidadãos à informação pode ajudar a mitigar essa desconfiança”.

No campo empresarial, sem avançar com mais detalhes ou a lista completa das avaliações, a organização coloca a Google (7,4), Microsoft (7), IKEA (6,9) e Decathlon (6,9) no topo; e a AstraZeneca (5,1) e as operadoras de telecomunicações Nos e Nowo no fundo da lista relativa à imagem que projetam para os consumidores, com 4,9 e 4,1, respetivamente.

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