BE quer travar despedimentos em empresas com lucros

Catarina Martins criticou as declarações de António Saraiva que afirmou ser "contra qualquer aumento irracional" do salário mínimo e defendeu valorização do salário médio.

O Bloco de Esquerda vai entregar esta segunda-feira, 4 de outubro, no Parlamento uma proposta para impedir que as empresas que têm resultados positivos possam despedir trabalhadores durante o ano de 2022.

Catarina Martins, à saída de reunião com os trabalhadores da Altice abrangidos pelo despedimento coletivo avançou aos jornalistas que o partido vai voltar a insistir numa medida que trave os despedimentos, apesar de já ter apresentado várias no passado e estas terem sido chumbadas pelo Partido Socialista com o apoio da direita.

“Insistimos e hoje mesmo entregaremos no Parlamento uma proposta que impede as empresas que têm resultados positivos de despedirem durante o tempo da pandemia, ou seja, durante o ano de 2022, que é uma altura em que a economia ainda não está a recuperar e o Orçamento do Estado e a Segurança social estão muito pressionados”, disse a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Mas apesar de a economia ainda não estar a recuperar, Catarina Martins criticou as declarações de António Saraiva que afirmou ser “contra qualquer aumento irracional” do salário mínimo. Em cima da mesa está a possibilidade de o salário mínimo aumentar para 705 euros. A coordenadora do BE considera que as crescentes desigualdades “só se corrigem com salário”. “Por isso, sim, o salário mínimo nacional tem de aumentar”, disse em declarações transmitidas pelas televisões. “Bem sei que os patrões dizem sempre que [o salário mínimo] não pode aumentar, mas pode. É o que puxa pela economia, já ficou provado no passado”.

O presidente da CIP, em entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios, reconheceu que está disponível para discutir a subida do salário mínimo em 2022, mas opõe-se a “aumentos irracionais”. António Saraiva sugeriu que, dado o impacto da pandemia na atividade económica, o Governo deveria reduzir o ritmo de subida do salário mínimo nacional. Catarina Martins contrapõe que além da subida do salário mínimo “é preciso que os salários médios possam também ser valorizados”, pondo fim às políticas da troika.

A coordenadora do Bloco de Esquerda chamou ainda à atenção para o facto de grandes empresas estarem “a substituir trabalhadores que ganham mil euros por trabalhadores que ganham salário mínimo nacional”. “É inaceitável”, frisou. Tal como é inaceitável a situação que se vive na Altice. Catarina Martins disse que vai “exigir explicações ao Governo”. “Também tem algumas competências em matérias de despedimentos, embora seja uma empresa privada”, reconheceu Catarina Martins criticando o facto de o Governo não ter “colocado nenhum obstáculo a esta substituição ilegal de trabalhadores na Altice”.

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