Galp e Savannah avançam com projeto de construção de refinaria de lítio em Portugal

"Vai haver uma refinaria de lítio em Portugal. Foi-me apresentado e sabemos que concorreu às agendas mobilizadora um projeto para uma refinaria de lítio", disse Matos Fernandes ao ECO.

Vai finalmente haver uma refinaria de lítio em Portugal, o Governo já conhece o projeto e o mesmo acaba de ser submetido às Agendas/Alianças Mobilizadoras para a Reindustrialização e Verdes para a Inovação Empresarial que foram abertas no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência, garantiu em entrevista ao ECO/Capital Verde o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.

O ministro anunciou ainda que o concurso para a prospeção de lítio em áreas já selecionadas e submetidas a avaliação ambiental vai ser lançado “no início do próximo ano”.

O governante não adiantou muito mais sobre o projeto da refinaria (localização, investimento, financiamento a receber do PRR) mas o ECO/Capital Verde sabe que as duas principais empresas por detrás deste projeto são a portuguesa Galp e a britânica Savannah Resources. Contactadas, as duas empresas não quiseram confirmar a candidatura do projeto para a construção de uma refinaria de lítio em Portugal nem prestar quaisquer declarações.

“Vai haver certamente uma refinaria de lítio em Portugal. Ainda não existe nenhuma na Europa mas sabemos — não me cabe a mim divulgá-lo — mas sim foi-me apresentado um projeto por empresas (sim, o Governo reúne com empresas, para espanto de muitos) e sabemos que concorreu às agendas mobilizadora para a indústria um projeto para a construção de uma refinaria de lítio em Portugal”, disso o ministro em entrevista ao ECO/Capital Verde.

O ECO/Capital Verde sabe também que os trabalhos entre várias empresas para realizar contratos e parcerias têm sido muito intensos para que o projeto de uma refinaria de lítio em solo nacional vá, de facto, avante.

Já há algum tempo que a Galp e a Savannah estão já trabalhar juntas na cadeia do valor do lítio. Apesar de o acordo original assinado entre as duas em janeiro de 2021 ter expirado em junho (dava à Galp 10% do capital da subsidiária portuguesa da Savannah que detém a concessão da Mina do Barroso, por 6,4 milhões de dólares), ambas mantiveram as “discussões comerciais” relativas à exploração de lítio na mina.

Em junho, o CEO da Galp, Andy Brown, não deixou qualquer margem para dúvidas. E anunciou no Capital Markets Day 2021 que a empresa está já em negociações com uma grande fabricante europeia de baterias de lítio [a sueca Northvolt] com vista à criação da primeira unidade de processamento deste mineral em toda a Europa.

O responsável acredita que este é um projeto — o nascimento da primeira refinaria de lítio em território europeu, com “uma capacidade de pelo menos 25 quilotoneladas” — que pode acelerar rapidamente, até 2025 e na segunda metade da década. Até 2025, mais de 10% do investimento da Galp (800 milhões a mil milhões de euros por ano) será direcionado para o hidrogénio verde e para o lítio.

“Portugal está muito bem posicionado para este cenário. Tem das melhores reservas de lítio do continente e a Galp já está em discussões para um contrato de compra da matéria-prima de uma mina [do Barroso, em Boticas] aqui em Portugal”, explicou o britânico Andy Brown, sem descartar a hipótese de importar lítio também.

Governo lança concurso de lítio no início de 2022

Coincidência ou não, uma das primeiras vezes que o ministro Matos Fernandes proferiu as palavras — “Há uma coisa que sei: Portugal vai ter uma refinaria de lítio” — foi precisamente no dia 21 de janeiro de 2020, data em que a Galp anunciou ao país o encerramento da Refinaria de Matosinhos.

Agora, o governante diz com a mesma certeza: “Vamos ter certamente exploração de lítio e feita de forma justa”. Não será é tão cedo quanto desejado, anuncia. “Nós queremos muito lançar o concurso para a prospeção, mas já não vai ser este ano, porque a consulta pública acaba a 10 de dezembro. Vai ser no início do próximo ano”.

“Neste momento está em curso a discussão pública. Foi prolongada até 10 de dezembro. Existe da parte dos autarcas vontade de discutir com rigor este deste projeto da AAE? Não, não existe. Porque quem pediu o prolongamento, agora está a fazer manifestações. Não consigo entender como é que se quer mais tempo para a discussão pública, se diz que é preciso transparência, mas depois vão engrossar a voz das manifestações”, critica Matos Fernandes.

Mais cedo, espera o ministro, arrancará no terreno a extração e produção de lítio na mina de Boticas, da Savannah. “Temos também uma forte expectativa do que será a decisão da Avaliação de Impacto Ambiental da mina do Barroso, em Boticas. Por isso acreditamos que essa sim é aquela que está mais perto (se tiver uma DIA positiva e espero que venha a acontecer) de avançar o quanto antes. E aí já estamos a falar de produção e não só prospeção”, rematou o ministro.

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