CEO da Galp confirma negociações com fabricante de baterias, de olho na refinação de lítio
"Estamos em conversações avançadas para criar a primeira unidade de processamento de lítio da Europa com capacidade de, pelo menos, 25 quilotoneladas", anunciou o CEO Andy Brown.
O CEO da Galp, Andy Brown, anunciou esta quarta-feira no capital Markets Day 2021 que a empresa está já em negociações com uma grande fabricante europeia de baterias de lítio com vista à criação da primeira unidade de processamento deste mineral em toda a Europa.
O nome da sueca Northvolt não foi mencionado, mas o ECO/Capital Verde sabe que é com esta empresa que a Galp está a negociar desde finais de 2020 para estabelecer um acordo de fornecimento de lítio. A Northvolt reuniu-se também já com a AICEP em Estocolmo, e com o Governo português, em Lisboa.
A fabricante sueca de baterias de lítio quer rivalizar com a americana Tesla e já reconheceu que “Portugal tem todas as vantagens: cadeias de abastecimento curtas, fontes de energia renovável e exploração de depósitos nacionais de lítio”.
O responsável acredita que este é um projeto — o nascimento da primeira refinaria de lítio em território europeu, com “uma capacidade de pelo menos 25 quilotoneladas” — que pode acelerar rapidamente, até 2025 e na segunda metade da década. Até 2025, mais de 10% do investimento da Galp (800 milhões a mil milhões de euros por ano) será direcionado para o hidrogénio verde e para o lítio.
“Estamos a estabelecer várias parcerias e estamos em conversações avançadas com uma grande fabricante europeia de baterias de lítio com vista à criação da primeira unidade de processamento de lítio com capacidade de, pelo menos, 25 quilotoneladas”, anunciou Andy Brown.
No cargo há apenas quatro meses, o CEO apresentou esta quarta-feira o update estratégico da empresa até 2025, que no caso das “novas energias” será totalmente centrado na produção de hidrogénio verde em Sines e na aposta na cadeia de valor das baterias de lítio.
“Acreditamos que há oportunidades na cadeia de valor das baterias de lítio. O crescimento da procura de baterias, sobretudo por causa dos veículos elétricos, vai multiplicar-se por 10 na Europa até 2030. E Portugal está muito bem posicionado para este cenário. Tem das melhores reservas de lítio do continente e a Galp já está em discussões para um contrato de compra da matéria-prima de uma mina aqui em Portugal”, explicou o britânico Andy Brown.
Questionado diretamente pelos analistas sobre se a mina a que se referia era a da Savannah Resources, em Boticas, o CEO garantiu que a Galp ainda mantém as negociações com a mesma mina no norte de Portugal, “apesar das notícias recentes” que dão conta de o acordo com a Savannah ter expirado.
“Mas temos muitas outras oportunidades no norte de Portugal, e não pomos de lado a hipótese de importar lítio também. Este é um negócio que pode ser muito grande para a Galp e muito alinhado com a transição energética”, disse.
E deixou bem claro: “Galp quer estar em todo o processo da cadeia de valor das baterias de lítio. O nosso objetivo não é minerar, mas sim o processamento de lítio. Em toda a Europa não há uma única unidade de processamento de hidróxido de lítio. Isto num continente que terá necessidades de 400 quilotoneladas de lítio. Portugal tem a geologia, os portos de águas profundas, mas também a energia renovável a um custo-eficaz”.
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