Onboarding de talento no novo mundo do trabalho híbrido

  • Mauro Xavier
  • 29 Outubro 2021

56% dos novos colaboradores que se encontraram com o colega que os ajudou no onboarding, pelo menos uma vez nos primeiros 90 dias, tornaram-se rapidamente produtivos no seu trabalho.

Milhares de recém-licenciados estão a entrar no mercado de trabalho em toda a Europa. O primeiro “trabalho real” é entusiasmante, mas também pode ser muito desgastante. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro trabalho: mal conseguia dormir na noite anterior e durante as primeiras semanas estava a aprender tanto que terminava cada dia a sentir-me como se tivesse jogado a final da Liga dos Campeões. Mas, claro, rapidamente fiz amigos – e poder sair para almoçar ou conversar ao pé da máquina de café foi uma grande ajuda na adaptação.

Os jovens que entram atualmente num mundo híbrido de trabalho não têm essa oportunidade. Então, qual a melhor forma para a sua integração na empresa? A minha equipa contratou mais de 200 pessoas desde o início da pandemia. Partilho assim os ensinamentos mais relevantes.

Apostar na Empatia

Uma das relações mais importantes de qualquer novo colaborador é para com o seu manager. É importante encorajá-los a personalizar o processo de onboarding para cada novo colaborador, reservando tempo para conversas individuais. Um estudo desenvolvido pela Microsoft revelou que, nos locais onde os gestores desempenharam um papel no onboarding, os novos colaboradores tiveram 3,5 vezes mais probabilidades de demonstrarem satisfação com a sua experiência. E sentiram também que estavam a contribuir para o sucesso da sua equipa.

Desde o início da pandemia, tenho feito um esforço constante para verificar como estão os colaboradores da minha equipa — não apenas como estão a progredir quanto aos seus objetivos, mas como se estão a sentir. E nem sempre de uma forma formal: quando temos conversas individuais ou, por vezes, no início de uma chamada de equipa, convido à partilha de experiências e acontecimentos pessoais.

Tento também partilhar como me estou a sentir, porque ajuda a iniciar um diálogo e permite que as pessoas se sintam mais confortáveis a partilhar os seus próprios sentimentos. Começar um novo trabalho pode ser stressante, pelo que saber que estão seguros para falar sobre os seus sentimentos pode ser muito benéfico para as pessoas.

Conclusão: dedicar tempo à compreensão da realidade que cada pessoa está a viver ajuda a criar confiança. Quando se tem confiança dentro de uma equipa, isso gera um pensamento mais inovador, e as pessoas vão ficar mais motivadas.

Ajudar os novos membros a reforçar a sua rede de contactos

Sem o benefício da proximidade física de forma diária, vale a pena pensar em como podemos ajudar a construir uma rede de apoio a novos colaboradores. Esta network poderia incluir um mentor e um “amigo”, útil para os colaboradores mais jovens saberem que têm alguém com quem podem falar “fora do registo profissional”. O mesmo estudo revelou que 56% dos novos colaboradores que se encontraram com o colega que os ajudou no onboarding, pelo menos uma vez nos primeiros 90 dias, tornaram-se rapidamente produtivos no seu trabalho. Essa percentagem aumenta para 97% para os que se reuniram mais de oito vezes.

Na minha opinião, os mentores são inestimáveis para todos os profissionais, independentemente da sua experiência. Ter um mentor experiente –- de dentro ou de fora da organização –- é uma grande oportunidade para obter uma nova perspetiva, testar novas ideias e partilhar eventuais bloqueios com que nos podemos deparar. E recomendaria para não sermos tímidos em perguntar às pessoas da nossa rede para se tornarem mentores ou colega de onboarding. A maioria sente-se lisonjeada e ficará certamente feliz por dedicar este tempo.

Pequenas coisas fazem uma grande diferença

Quando se embarca num mundo híbrido, as pequenas coisas são importantes. Por exemplo, enviar os dispositivos a novos colaboradores muito antes da data de início para lhes dar tempo suficiente para prepararem o seu escritório em casa, ou enviar um pack de boas-vindas. Na Microsoft, por exemplo, compilámos um glossário de acrónimos interno, uma referência útil para os novos colaboradores quando começam a participar em reuniões e chamadas.

É também importante sermos atenciosos ao ajudar os novos colaboradores a sentirem-se à vontade para participarem nas reuniões, independentemente de estarem ou não no escritório. Optar por videochamadas, sempre que possível, garante que as pessoas possam ver as expressões dos outros e a linguagem corporal — que é muito importante para a formação de laços sociais.

É uma viagem para todos nós

O trabalho híbrido representa uma mudança enorme para todos nós — quer estejamos há uma semana num emprego ou com uma carreira de 20 anos. O compromisso de experimentarmos coisas novas e aprendermos continuamente irá ajudar-nos a navegar juntos nesta transição. Estamos todos nesta curva de aprendizagem e estou ansioso por continuar a desenvolver as minhas próprias capacidades de liderança, à medida que este novo capítulo do trabalho se desenrola.

  • Mauro Xavier
  • Colunista convidado.

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