COP26 já arrancou. É a “última esperança” de limitar aquecimento global a 1,5ºC
A COP26 é “a última esperança” de conseguir limitar o aquecimento global a 1,5ºC, a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, disse o seu presidente, Alok Sharma.
A COP26 é “a última esperança” de conseguir limitar o aquecimento global a 1,5ºC, a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, disse este domingo o presidente Alok Sharma na abertura da conferência em Glasgow, na Escócia. A 26.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) vai decorrer até 12 de novembro.
Durante a pandemia de covid-19, “as alterações climáticas não fizeram férias. Todas as luzes estão vermelhas no painel de avaliação do clima”, adiantou, pedindo mais ambição no primeiro dia da conferência considerada como crucial para o futuro da humanidade. “Se agirmos agora e em conjunto, podemos proteger o nosso precioso planeta”, disse ainda.
A responsável pelo clima da ONU, Patricia Espinosa, declarou, por seu turno, que “a Humanidade enfrenta escolhas difíceis, mas claras”. “Podemos escolher reconhecer que continuar com as coisas como estão não vale o preço devastador que temos que pagar e fazer a transição necessária ou aceitar participar na nossa extinção”, disse.
No sábado em Roma, onde participou na cimeira do G20 cujas conclusões serão escrutinadas para avaliar a vontade das principais economias de lutar ativamente contra o aquecimento global, o secretário-geral da ONU também fez soar o alarme.
“Sejamos claros, há um risco significativo de que Glasgow não cumpra as suas promessas”, declarou António Guterres. “Alguns anúncios recentes sobre o clima podem ter dado a impressão de um quadro mais positivo. Infelizmente, é uma ilusão (…) Se queremos o sucesso – e não apenas uma miragem – necessitamos de mais ambição e de mais ação”, insistiu.
O Acordo de Paris visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para limitar o aquecimento abaixo dos 2ºC em relação à era pré-industrial, se possível abaixo dos +1,5ºC. Mas com a tendência atual, os especialistas sobre o clima da ONU (GIEC) alertaram para o risco de se atingir 1,5ºC por volta de 2030 e os compromissos climáticos dos Estados levam a um aquecimento catastrófico de 2,7ºC.
Com mais 1ºC, a repetição das catstrofes já está em andamento, desde enormes incêndios na Califórnia ou na Sibéria a temperaturas delirantes no Canadá, passando por inundações destruidoras na China ou no oeste da Europa.
O que pode sair de Glasgow?
A cimeira do clima das Nações Unidas, de que deverão sair compromissos firmes para conseguir cumprir o Acordo de Paris e reduzir emissões globalmente, teve este domingo, 31 de outubro o seu início formal em Glasgow, na Escócia.
Decisiva, ambição e risco são ideias que têm dominado o discurso político e público sobre a cimeira, quando muitos países, entre os quais alguns dos maiores poluidores, ainda não apresentaram metas mais ambiciosas de redução de emissões, de transição energética para se afastarem dos combustíveis fósseis e compromissos de financiamento dos países mais pobres na adaptação às alterações climáticas.
São esses alguns dos principais objetivos da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, resumida na designação COP26, que o secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu que está em “sério risco” de falhar.
A cimeira, que decorre até 12 de novembro, começa com reuniões plenárias preliminares que juntarão os representantes dos países signatários da Convenção, do Protocolo de Quioto e do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.
A cerimónia oficial de abertura realiza-se na segunda-feira, com o primeiro-ministro do Reino Unido, país-anfitrião, juntamente com a Itália, com “momentos criativos e culturais”, de acordo com a organização.
Começará depois a cimeira de chefes de Estado e de Governo, que até terça-feira farão intervenções dando conta dos seus compromissos e ambições renovadas para dar corpo ao Acordo de Paris e limitar o aquecimento global até ao final do século.
Ainda na segunda-feira, os líderes mundiais ouvirão cientistas a descrever o estado da arte nas questões do clima e traçar o cenário que espera o mundo caso não se cumpram os objetivos definidos em 2015 em Paris com ainda mais ambição e rapidez.
As declarações no primeiro dia decorrerão em duas salas de plenário ao mesmo tempo, uma com chefes de Estado, outra com primeiros-ministros, num desfile de líderes mundiais que incluirá o Presidente norte-americano, Joe Biden, o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
As declarações dos chefes de Estado e de governo prosseguirão na terça-feira e os dias seguintes serão organizados por temas: Finanças na quarta-feira, Energia na quinta, Juventude na sexta.
No sábado, dia que a COP26 consagra ao tema Natureza e Uso do Solo, está prevista para Glasgow uma manifestação de ativistas climáticos, convocada pelo coletivo Coligação COP26 e marcada pelo pessimismo da organização quanto às hipóteses de a cimeira trazer alguma mudança que resulte realmente.
Ao longo das duas semanas da COP26, esta coligação promove a sua própria “cimeira alternativa”, com debates, encontros e iniciativas de protesto.
Os dias temáticos na cimeira prosseguem na segunda semana até ao fim das negociações, cuja tradição é estenderem-se pelo fim de semana, para lá de sexta-feira, dia agendado para apresentação das conclusões.
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