Bem-vindo à humanização. APG quer focar as empresas nas pessoas
Regimes presenciais, híbridos ou 100% remotos. Escritórios colaborativos e renovados. E as pessoas? De 3 a 5 de novembro, a APG vai pôr o foco no que realmente importa.
Quase dois anos depois de vida de trabalho em tempos de pandemia, novos modelos de organização de equipas e lideranças a responder diariamente a desafios inesperados, de 3 a 5 de novembro, é tempo de fazer uma pausa e recentrar as organizações no motor que as faz caminhar: as pessoas. É esse o tema principal do Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), que tem início já amanhã. Com mais de 50 anos de história, o evento de gestão de pessoas mais antigo do país quer no regresso marcar a diferença, aproximando-se dos novos gestores de pessoas e modelos de trabalho.
“O evento decorria num único local, em Lisboa. Este ano vai ter um regime híbrido e vamos torná-lo, de facto, nacional. Vamos estar em articulação com algumas instituições de ensino superior, universidades e politécnicos, onde vão decorrer alguns dos debates de forma presencial. Mas, as talks serão também transmitidas online”, explica Pedro Ramos, vice-presidente da APG. “Este é o primeiro encontro verdadeiramente nacional.”
Coimbra, Algarve, Lisboa e ilhas são alguns dos locais onde o encontro nacional se vai realizar, adaptando-se à realidade das empresas e das pessoas nos últimos tempos, em formato misto, presencial e online.
Quanto aos oradores, “vamos ter gestores de topo das organizações, investigadores, CEO e diretores de RH sentados lado a lado”. “E, também, aproveitando que vamos ter talks um pouco por todo o país, pessoas da comunidade local, algo que nos entusiasma muito”, diz Pedro Ramos.
Conheça o programa completo aqui.
A pandemia evidenciou, acelerou e também criou mudanças, nos modelos de trabalho e nos escritórios, mas para a APG a principal transformação foi mesmo nas pessoas. “A pandemia mostrou que há um novo papel das pessoas nas organizações. Se há uns anos eram entendidas como podendo ser substituídas por robôs, a pandemia mostrou exatamente o contrário. É necessária mais humanização, há uma necessidade enorme de um novo foco, voltado para as pessoas”.
Ao longo de três dias, o evento pretende dar resposta aos grandes desafios dos recursos humanos. No primeiro dia, a discussão será sobre o futuro do trabalho e, sobretudo, das pessoas. Como é que as pessoas vão estar neste mundo BANI (Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível, na tradução portuguesa)? O objetivo é respondera esta questão, mas também abordar temas como a cultura corporativa, que implica rigor, confiança e responsabilidade. “Como é que vão funcionar estes elementos no novo mundo do trabalho?”, interroga-se Pedro Ramos, salientando a necessidade de refletir sobre algumas dualidades criadas e harmonizá-las, nomeadamente performance e bem-estar. “É preciso recentrar, mas também reequilibrar.”
O novo gestor vai ter de selecionar pessoas que sejam completamente diferentes dele.
O segundo dia é dedicado à inovação. E traz outra dualidade para cima da mesa: a tradição versus inovação, com um elemento adicional, a paixão. “É preciso emocionar esta inovação”, defende o gestor. Humanização do negócio, do trabalho e até dos robôs são temáticas em discussão a 4 de novembro.
No encerramento do Encontro, o foco é nos gestores de pessoas. Novas lideranças, gerir e cuidar, novas competências, estratégia e resiliência… “Vamos ter de falar disto, sem preconceitos.”
Diversidade cognitiva. “Está a abordar-se mal este tema”
Todos estes temas remetem-nos imediatamente para a “Sociedade 5.0”, um conceito que propõe um equilíbrio entre o “progresso económico com a resolução de problemas sociais, através de um sistema que integra, de forma eficaz, o ciberespaço e o espaço físico”, segundo explica o Governo do Japão, país onde nasceu. Mas trazem também para a discussão o tema da diversidade cognitiva. “Está a abordar-se mal este tema. Há que entendê-lo, mas não pela raça, género, idade, nacionalidade… O novo gestor vai ter de selecionar pessoas que sejam completamente diferentes dele”, defende. Por norma, para integrar talento que se diferenciava “inventámos os programas de integração e acolhimento, conhecidos como processos de onboarding”. “Os que, mesmo assim, saíam ‘fora da norma’ ainda levavam com um módulo de cultura organizacional para que fossem exatamente iguais. Andámos a reproduzir pessoas.”
Chegámos a um ponto em que, pelo contrário, as empresas precisam de pessoas completamente diferentes umas das outras, não precisam de duas lideranças iguais. “O fit na cultura organizacional é uma amarra, é meter as pessoas dentro de uma forma. O que precisamos é de não ter formas. As empresas que estão preocupadas com o fit não vão conseguir sobreviver no mundo BANI, que é anti-fit, até porque não se sabe muito bem qual é o fit. As empresas só vão sobreviver se tiverem pessoas realmente diferentes.”
Poderá acompanhar o 52.º Encontro Nacional no canal Youtube da associação.
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