Subida dos juros será estruturalmente positiva para as receitas dos bancos

  • Lusa
  • 10 Novembro 2021

A agência de rating DBRS Morningstar aponta que a perspetiva de subida das taxas de juros é "estruturalmente" positiva "para as receitas dos bancos europeus".

A perspetiva da subida das taxas de juro, apesar da incerteza sobre quando possa acontecer, será estruturalmente positiva para as receitas dos bancos, de acordo com uma nota da agência de rating DBRS Morningstar divulgada esta quarta-feira.

“Taxas de juro mais altas parecem estar no horizonte, apesar do tempo [da alteração] não ser claro, e no geral isto seria estruturalmente positivo para as receitas dos bancos europeus”, pode ler-se na nota hoje divulgada.

Porém, ao mesmo tempo, “as baixas taxas são tipicamente associadas a um baixo custo do risco, ao passo que as taxas maiores estão associadas com um mais alto custo do risco”.

“Com a pandemia como fundo, um aumento nas taxas de juro pode acelerar uma deterioração no custo do risco para além do aumento associado de receitas. Quando e quão rápido aumentarem as taxas, e se um aumento reflete uma economia mais forte, são considerações chave”, realça a agência canadiana.

A DBRS Morningstar relembra que “os bancos europeus têm estado a operar num ambiente de taxas negativas desde 2014 e isto colocou pressão persistente nas receitas dos bancos, bem como os forçou a cortar a sua base de custos operativos para compensar a pressão sobre as receitas”.

A nossa expectativa é que taxas mais altas melhorariam a rendibilidade dos bancos. Esperamos que um aumento nas taxas de juro empurre as margens líquidas para cima”, antevê a DBRS.

A agência de notação financeira releva ainda a importância do ritmo de uma eventual subida, já que seria uma “consideração chave para avaliar o impacto potencial das taxas mais altas nos bancos europeus”.

“O nosso cenário principal é que qualquer aumento de taxas de juro será pequeno com pequenas subidas subsequentes espalhadas ao longo do tempo”, revela a agência canadiana.

Especificamente nos bancos europeus, tal aumento significaria “um regresso potencial a taxas positivas no BCE [Banco Central Europeu], o que seria estruturalmente mais sustentável para os bancos”.

Adicionalmente, consideramos que um aumento nas taxas de juro poderia significar menos pressão na base de custos operacionais, dado que maiores receitas devem providenciar mais espaço de manobra para gerir os custos operacionais e os recursos, ao invés de se focarem somente na redução de custos operacionais para compensar a pressão nas receitas”, sustenta a DBRS.

Por outro lado, a DBRS alerta que, para os devedores com taxas variáveis, “maiores taxas levam a maior pagamento de juros e pode afetar a capacidade dos devedores mais fracos pagarem”.

“O impacto da pandemia na qualidade dos ativos dos bancos permanece difícil de avaliar, e ainda estamos numa situação de ‘esperar para ver’, mas um aumento nas taxas poderia acelerar a deterioração da qualidade dos ativos”, alerta a DBRS.

Também é antevisto que se se provar que a resposta do BCE ao aumento da inflação for demasiado demorada, “em parte devido ao facto que certas jurisdições europeias ainda não tenham recuperado, também pode significar que um aumento nas taxas teria eventualmente que ser maior e menos gradual, com um maior risco de afetar negativamente a qualidade dos ativos dos bancos”.

A DBRS dá o exemplo de que alguns países têm “historicamente uma maior proporção elevada de empréstimos com taxa fixa, que não seriam afetados pelo aumento das taxas”.

Já outros países “têm um nível alto de taxas variáveis, mas também a capacidade de aumentar o uso de componentes exclusivamente ligadas aos juros”. “Por exemplo, os bancos nos Países Baixos mudaram os clientes em dificuldades para empréstimos onde só pagavam os juros durante a crise de 2013, até poderem pagar o capital novamente”, assinala a DBRS.

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