Afinal, o que muda com o 5G? E como o experimentar?

Três operadoras já disponibilizam serviços 5G em Portugal. Saiba como testar a tecnologia e o que esperar da quinta geração nesta primeira fase.

Portugal entrou na quinta geração móvel. Na sexta-feira de 26 de novembro, a Nos anunciou que os clientes já tinham acesso ao 5G. Dias depois, a Vodafone seguiu o mesmo caminho. À meia-noite da passagem de ano, foi a vez da Meo. Impõem-se agora duas grandes questões. O que muda com o 5G? E como o experimentar?

Há muito que os portugueses ouviam dizer que a quinta geração estava ao virar da esquina. O lançamento do 5G chegou a estar previsto para o primeiro trimestre deste ano. As operadoras anunciam há meses, nas televisões, a iminente entrada nesta nova era tecnológica. E as prateleiras das lojas de eletrónica enchem-se de telemóveis “5G ready“, preparados para receber o 5G.

A verdade é que Portugal é o penúltimo país dos 27 Estados-membros da União Europeia a lançar o 5G, embora seja um dos que leiloou mais espetro (aliás, a Anacom já está a auscultar o mercado para aferir o interesse no 5G ultrarrápido, que ainda não vai estar disponível nesta fase). Mas agora que já há 5G… muitos clientes continuam sem o poder experimentar. Isto acontece por várias razões. As principais serão a incompatibilidade dos telemóveis ou a inexistência de cobertura.

Como experimentar o 5G

1. Verifique se a sua operadora já lançou a tecnologia

Meo, Nos e Vodafone já lançaram tarifários 5G em Portugal. Se é cliente móvel de uma destas operadoras, cumpre o primeiro requisito para poder testar, em primeira mão, a nova rede de quinta geração.

Outras três empresas não são opção para aceder ao 5G — a Nowo ainda não o lançou, a Dixarobil (que comprou licenças) ainda não deu qualquer informação sobre a estratégia para Portugal e a Dense Air é grossista, ou seja, só vende serviços 5G a outras operadoras. A próxima exigência está nas características do seu telemóvel.

2. Descubra se o seu telemóvel é compatível com o 5G

Nem todos os equipamentos estão preparados para o 5G. Como existem milhares de modelos no mercado, terá de descobrir se o seu telemóvel é compatível com a tecnologia. Procure na caixa do aparelho a indicação “5G” ou “5G ready“, ou procure essa informação na internet. Se o seu telemóvel é mais antigo, é improvável que tenha esta tecnologia. Mas se o adquiriu no último ano e meio, talvez tenha mais sorte.

Na eventualidade de não ter um telemóvel 5G e quiser experimentar a tecnologia, terá mesmo de mudar de equipamento. Mas se não tem um telemóvel 5G e não se importa de esperar até a tecnologia amadurecer, não se preocupe: não só a atual rede 4G vai continuar a funcionar como, em alguns casos, deverá ser melhorada. Se tem um telemóvel 5G, poderá ter de permitir o acesso ao 5G nas definições de rede do aparelho.

3. Procure um local com cobertura

Se é cliente da Meo, Nos ou Vodafone e tem um telemóvel preparado para o 5G, o último requisito para testar a tecnologia é estar numa zona com cobertura. Esta parte é mais difícil do que parece.

As três empresas garantem ter 5G em “todas as capitais de distrito”, mas o território é amplo e isso não significa que a cobertura abrange todo o distrito, nem tampouco a capital de distrito na íntegra.

Mesmo na capital, Lisboa, a cobertura ainda não é total. Além disso, ainda não existe um mapa que permita perceber, em concreto, onde existe 5G em Portugal. Aqui, a sorte conta.

4. Encontre um tarifário com 5G

Tudo isto é válido até ao dia 31 de janeiro. Isto porque as três principais empresas decidiram oferecer o 5G a todos os clientes móveis até ao fim deste mês, precisamente para permitir aos clientes a testagem. Depois dessa data, junta-se um quarto requisito: ter um tarifário 5G. Estas são as principais ofertas 5G já anunciadas pelas operadoras.

Oferta da Meo:

  • Clientes que tenham tarifários ou pacotes com 10 GB ou mais de dados móveis têm acesso ao 5G à “máxima velocidade”;
  • Clientes com tarifários pré-pagos com menos de 10 GB de dados navegam com velocidade até 40 Mbps em 5G;
  • Clientes com tarifários pós-pagos com menos de 10 GB de dados navegam com velocidade até 150 Mbps em 5G;
  • Clientes que pretendam acelerar a velocidade do 5G até 150 Mbps pagam mais dois euros por mês;
  • Clientes de outros tarifários que pretendam a velocidade máxima do 5G pagam mais cinco euros por mês.

Ofertas da Nos:

  • Clientes que tenham tarifários ou pacotes com 10 GB ou mais de dados móveis têm acesso livre ao 5G;
  • Clientes de outros tarifários podem adicionar 5G por mais cinco euros mensais.

Ofertas da Vodafone:

  • Clientes com tarifários Red 10 GB, Red Infinity, Vodafone You 10 GB ou Yorn X 10 GB têm acesso livre ao 5G;
  • Clientes de outros tarifários podem adicionar 5G por mais cinco euros mensais.

O que muda com o 5G?

Para já, a maior diferença estará na velocidade do acesso à internet. A Nos diz que o 5G é 100 vezes mais rápido do que o 4G e promete débitos de 10 Gbps. Numa “primeira fase”, diz a operadora, “o utilizador tem acesso a velocidades acima de 1 Gbps”, podendo, por exemplo, assistir a “vídeos 4K” no telemóvel “sem perdas”. A ativação é feita através da App Nos.

A Vodafone também promete 10 Gbps de download: “Esta velocidade permite descarregar um vídeo de 800 MB em apenas um segundo, realizar videoconferências em HD sem quebras ou mesmo jogar online em qualquer lugar, sem atrasos que podem ser determinantes.”

“Para os clientes particulares, o 5G vai trazer melhorias significativas no desempenho da rede, principalmente na experiência de utilização de dados e na qualidade de resolução de vídeos, o que vai potenciar, por exemplo, a utilização de serviços interativos, como realidade virtual e aumentada”, sublinha a empresa.

Outra diferença está na latência, isto é, o tempo de resposta da rede. No 4G, é comum rondar os 25 a 35 milissegundos. No 5G, pode rondar os 5. Para as operadoras o 5G vai ainda significar a possibilidade de ter mais dispositivos ligados em simultâneo.

“O 5G vai ser um impulsionador da evolução tecnológica em Portugal e transformar profundamente a sociedade como a conhecemos”, assegura a Nos no seu site. “Maior segurança e eficácia na utilização de drones, os carros autónomos completamente interligados no trânsito, ou as experiências ‘instantâneas’ de realidade virtual e aumentada são apenas algumas das aplicações”, acrescenta a empresa.

Mas o 5G não vai só impactar os consumidores finais. As empresas também deverão beneficiar da quinta geração. Segundo informação disponibilizada pela Vodafone no seu site, “o impacto será em duas dimensões”.

A primeira é ao nível da internet das coisas (IoT), “permitindo o aumento exponencial dos equipamentos ligados à rede e a massificação dos serviços potenciados pela comunicação entre máquinas”. A segunda é “ao nível da prestação de serviços críticos de elevada resiliência, tais como aplicações industriais (Indústria 4.0), viaturas autónomas, cirurgias à distância ou serviços de emergência”, refere a operadora.

Meo, Nos e Vodafone realizaram vários pilotos 5G nos últimos meses, antes do lançamento da tecnologia. Por exemplo, quando a Nos anunciou a instalação de rede 5G no Hospital da Luz, em Lisboa, profissionais de saúde demonstraram o seu potencial simulando a realização de um procedimento médico à distância.

Nota do editor: Uma versão inicial deste artigo referia que a Meo ainda iria lançar o 5G à meia-noite de 1 de janeiro. Tendo sido publicado a 4 de janeiro, o artigo foi posteriormente corrigido para referir que a Meo já lançou o 5G e atualizado com a oferta da operadora. Aos leitores e visados, as nossas desculpas.

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