Não há planos para mais saídas de trabalhadores da TAP, mas CEO alerta para “mundo incerto”

Presidente executiva elogia o profissionalismo e apoio do Governo e mostra vontade em ficar na companhia e no país após o fim do mandato. A partir de 2022, a TAP terá de "singrar por si".

Atualmente não existe nenhum plano para mais saídas de trabalhadores da TAP, garante a CEO em entrevista ao programa Tudo é Economia, da RTP3, mas avisa que existe muita incerteza, naquela que é a crise mais difícil que a indústria teve de enfrentar. Deixou elogios ao Governo e mostrou vontade em ficar na companhia após o fim do atual mandato.

O processo de despedimento coletivo está concluído e “a informação, hoje, é que não existe nenhum plano novo para mais saídas. Mas não nos podemos esquecer que vivemos num mundo incerto“, afirmou Christine Ourmières-Widener.

O surgimento da nova variante é disso um exemplo. “A pandemia é muito difícil para qualquer companhia aérea e os últimos acontecimentos, com a nova variante, estão a mostrar-nos que ainda não terminou”. A presidente executiva da TAP salientou que antes da Ómicron a transportadora estava a registar uma recuperação. “Ainda é uma melhoria, mas alguns mercados decidiram dificultar as viagens das pessoas de e para lá. Alguns viajantes decidiram cancelar e tivemos de gerir mudanças [de reservas]”, referiu.

A decisão da Comissão Europeia sobre o plano de reestruturação da companhia aérea poderá acontecer até ao Natal e a expectativa de Christine Ourmières-Widener é que seja ainda este ano. A responsável está otimista, tendo em conta o trabalho que tem sido realizado.

Acho que ajudou terem visto [na Comissão Europeia] o que já fizemos e o que estamos a conseguir, sem que o plano tenha sido aprovado. Criou confiança na nossa capacidade de cumprir o plano.

Christine Ourmières-Widener

CEO da TAP

“A convite do Governo português temos vindo a explicar [à Comissão Europeia] o que fazemos. Acho que ajudou terem visto o que já fizemos e o que estamos a conseguir, sem que o plano tenha sido aprovado. Criou confiança na nossa capacidade de cumprir o plano”, considera a CEO da TAP.

Acredita também que “o que for aprovado será um plano que poderemos concretizar para garantir que damos ao país uma companhia aérea sustentável, que tenha realmente a envergadura certa com a estrutura certa, com o hub em Lisboa e sendo um parceiro forte da economia portuguesa”. “A parte mais importante para o país e a para a TAP era manter este modelo forte de ter um hub a servir o país e a ligar o país às suas comunidades no mundo inteiro e as ligações económicas realmente importante”, acrescentou.

A gestora francesa deixou elogios ao profissionalismo do Governo” com quem tem uma boa relação. “Fiquei muito impressionada com o apoio, a resistência e a persistência do nosso governo para garantir que todo este plano era explicado e atualizado, pois o plano é sempre algo que está em movimento, porque o mundo muda à nossa volta.

O plano sempre foi ter uma infraestrutura e uma fonte de receitas que permita à TAP ser sustentável sem o apoio do Governo após 2022.

Christine Ourmières-Widener

CEO da TAP

Aprovados os auxílios de Estado, a TAP receberá 3,18 mil milhões entre 2020 e 2022, dos quais 1,66 já foram injetados na companhia. Depois disso, “a TAP terá de singrar por si, sem apoios. O plano sempre foi ter uma infraestrutura e uma fonte de receitas que permita à TAP ser sustentável sem o apoio do Governo após 2022. É esse o plano e é essa a minha missão e de todos os trabalhadores da TAP”, garantiu.

Christine Ourmières-Widener não escondeu a vontade de ficar na TAP após o fim do mandato de cinco anos, iniciado em junho, mas vai depender “dos resultados” que conseguir e da “decisão do acionista”. Certo é que se sente bem em Portugal: “O país está de braços abertos para mim, para a minha família, para o meu marido, os nossos cães… [risos].”

“Estamos muito satisfeitos por estar aqui. Esta é uma missão muito difícil, mas sentimos que fazemos parte dela. Não apenas eu, mas também as pessoas que me rodeiam e me apoiam, a minha equipa e a minha família. Ainda estou a aprender a falar português, mas estou a trabalhar muito para melhorar“, afirmou.

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