Crescimento de 2016 não faz FMI mudar de ideias

  • Marta Santos Silva
  • 22 Fevereiro 2017

Fragilidades como a baixa taxa de poupança das famílias e o fraco investimento privado fazem com que o Fundo Monetário Internacional mantenha previsões conservadoras para o crescimento a médio prazo.

O FMI mantém as suas previsões de crescimento a médio prazo para Portugal, apesar do salto “bem-vindo” no terceiro trimestre de 2016. Embora suba ligeiramente a previsão para 2016 e 2017 para 1,3%, a quinta avaliação pós-programa do Fundo Monetário Internacional assinala que, a médio prazo, o endividamento das empresas e a fraca taxa de poupança das famílias vão pôr um travão no aumento sustentado do crescimento.

“A médio prazo, o sobre-endividamento das empresas e níveis baixos de concessão de empréstimos deverão continuar a dificultar o investimento, enquanto os níveis baixos de poupança das famílias limitam as hipóteses de o consumo continuar a mover o crescimento”, lê-se no documento produzido pelos técnicos da instituição que é uma das credoras de Portugal. “Sendo assim, a projeção de crescimento a médio termo mantém-se inalterada, nos 1,2%”.

No entanto, o FMI também reconhece que a curto prazo os riscos para o crescimento são moderados e que há sinais positivos “da recuperação do emprego e modesta melhoria no investimento” que se verificaram no final de 2016. Para o Fundo Monetário Internacional, o setor do turismo mantém-se “um ponto brilhante”, embora com um crescimento apenas moderado no resto das exportações. A curto prazo, assim, os técnicos do FMI consideram que em 2016 e 2017 as perspetivas de crescimento deveriam ser revistas em alta.

O Governo português, assinala o relatório, acredita que a aceleração do PIB no terceiro trimestre de 2016 é sinal de uma “mudança sustentável para um caminho de maior crescimento”. Para o Executivo de António Costa, o começo mais fraco do ano devia-se a circunstâncias externas e a fatores que não se repetiriam. “As autoridades [portuguesas] assinalaram que a aceleração do crescimento fornecia uma base mais forte para as presunções macroeconómicas que sustentam o Orçamento do Estado para 2017 — crescimento de 1,2% em 2016 e de 1,5% em 2017”.

Os números mais recentes do INE já mostraram que a economia portuguesa cresceu mais do que o esperado, chegando aos 1,9% no último trimestre do ano e fechando 2016 com um crescimento de 1,4% — mais do que o que previam tanto o Governo como a Comissão Europeia.

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