Alfredo Casimiro e bancos em pé de guerra
Fundo da CGD pediu a insolvência de Casimiro e o empresário contra-atacou nas vésperas do Natal com ação no valor de 300 mil euros. Foi o último episódio da disputa do dono da Pasogal com a banca.
Um fundo imobiliário da Caixa Geral de Depósitos (CGD) pediu no final de novembro a insolvência pessoal de Alfredo Casimiro. O dono da Pasogal (acionista maioritário da Groundforce) não ficou à espera para se defender no tribunal e contra-atacou logo a seguir, a poucos dias do Natal, avançando com um processo contra a Fundimo no valor de mais de 300 mil euros, naquela que é a mais recente disputa entre o empresário e a banca. Há muito que a relação de Casimiro com os bancos se deteriorou.
O pedido de insolvência do empresário foi interposto pela Fundimo a quem a Urbanos – Supply Chain, uma empresa transportadora do qual Casimiro também é acionista, deve cerca de 970 mil euros, como noticiou o Expresso (acesso pago). A ação deu entrada a 26 de novembro.
Quase um mês depois, a 22 de dezembro, veio o contra-ataque: Alfredo Casimiro, o Grupo Urbanos e a Urbanos – Supply Chain colocaram um processo contra a Fundimo no tribunal de Lisboa com o valor de 308.888 euros.
O ECO contactou o empresário para perceber os motivos da sua petição, mas não obteve uma resposta até à publicação do artigo. A Caixa não quis pronunciar-se sobre o assunto.
A tensão entre Alfredo Casimiro e os bancos vem se acumulando nos últimos meses, sobretudo depois de a pandemia ter afetado duramente o negócio do transporte aéreo, mergulhando a Groundforce numa situação insustentável, com salários em atraso e um resgate temporário à empresa por via da TAP.
A empresa de handling está agora em processo de insolvência e de venda, mas foi uma das frentes da disputa mais recente entre o empresário e as instituições financeiras, que lhe vão fechando as portas.
Face à quebra do negócio por causa da pandemia, a Groundforce tentou obter um empréstimo de 30 milhões de euros junto da Caixa, com o Banco Português de Fomento na retaguarda para a prestação de uma garantia pública. Contudo, o financiamento foi recusado pelo banco de fomento devido à fragilidade dos dois acionistas – Pasogal e TAP –, existindo reservas quanto à capacidade de reembolso do empréstimo e à viabilidade da empresa depois das perdas de 40 milhões em 2020 e este ano.
Também foi público o braço-de-ferro com o Banco Montepio, quando Alfredo Casimiro tentou evitar a execução extrajudicial por incumprimento no pagamento de uma dívida de sete milhões de euros junto do banco. O empresário colocou uma providência cautelar para travar o processo, mas o tribunal recusou-a.
Esta decisão abriria caminho à venda da Groundforce não tivesse a TAP pedido, entretanto, a insolvência da empresa no último verão. É no âmbito deste processo que está a ser preparada a sua alienação. O futuro está assim nas mãos dos credores, que reclamam mais de 155 milhões.
Antes disso, a Pasogal também se viu envolvida no meio de outra quezília de Casimiro com outra instituição financeira, desta vez a Parparticipadas, um veículo do Estado que ficou a gerir parte dos ativos tóxicos do antigo BPN. Em causa um negócio para a compra de imóveis no Loures Business Park, no valor de 17 milhões de euros, que a Pasogal tinha acordado com a Imofundos.
A Parparticipadas, dona do fundo, deixou cair o acordo por alegadas rendas em atraso da Kashmir, outra empresa de Casimiro, que totalizavam os cinco milhões, de acordo com o Correio da Manhã (acesso pago). A empresa negou estes atrasos, apesar de o tribunal vir a decidir depois o pagamento das rendas à Imofundos.
O ano de 2021 não terminaria sem outro episódio que mostra que a relação de Casimiro com a banca se tornou pouco saudável e, para este banco em questão, mesmo tóxica: o Novobanco acabou de fechar a venda de uma carteira de crédito malparado de grandes devedores a um fundo internacional. Incluindo, ao que tudo indica, um financiamento em situação de incumprimento no valor de nove milhões de euros da Urbanos, como avançou o ECO em primeira mão.
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