Profissionais perto da idade da reforma e mulheres procuram novo emprego mais ativamente

40% dos profissionais entre os 55 e os 64 anos estão a procurar de forma ativa uma nova oportunidade laboral. E 60% admite começar essa procura nos próximos dois anos.

Mais de 30% dos profissionais em Portugal estão neste momento à procura de uma nova oportunidade de trabalho. E é a faixa etária mais próxima da idade da reforma, dos 55 aos 64 anos, a mais ativa nesta tarefa de encontrar um novo emprego: 40% procura de forma ativa para melhorar as condições atuais, e 60% admite começar essa procura nos próximos dois anos. Entre os jovens, apenas 30% procura ativamente novo emprego, valor que desce para 25% na faixa entre os 35-44 anos. As mulheres são as mais motivadas para mudar de emprego a curto prazo, revela o estudo sobre hábitos e atitudes na procura de emprego em Portugal, realizado pela Multipessoal, a que a Pessoas teve acesso.

“Apesar de a faixa etária dos 55 e os 64 anos ser a que está mais perto da idade da reforma, tal não significa que a maioria das carreiras em Portugal termine nesta idade. Na verdade, de acordo com dados da Pordata do ano passado, Portugal é o terceiro país da União Europeia com maior percentagem de trabalhadores acima dos 64 anos, com 11,7%, a seguir à Estónia e Irlanda. A análise realizada neste estudo da Multipessoal, junto de indivíduos que não rejeitam mudar de emprego nos próximos dois anos, indica que 40% dos inquiridos desta faixa etária está atualmente à procura de emprego e que 60% não está de momento à procura de emprego mas considera procurar nos próximos dois anos”, comenta André Ribeiro Pires, executive board member e COO da Multipessoal, à Pessoas.

“Esta diferença pode ser explicada pelo período pandémico, que levou à perda de milhares de empregos nos mais variados setores”, continua, embora o impacto negativo da pandemia no emprego também tenha sido significativo junto dos mais jovens. Contudo, de acordo com os dados do estudo da empresa recursos humanos, apenas 30% dos indivíduos dos 18 aos 34 anos está ativamente à procura de emprego.

Os profissionais com idades entre os 35 e os 44 anos são aqueles que menos procuram um novo emprego, com apenas 25% a responder positivamente à pergunta “Está à procura de emprego atualmente?”. Um valor que o responsável da Multipessoal considera “algo surpreendente”, pois “seria de prever que, neste intervalo de idades, dadas as circunstâncias de vida, houvesse maior predisposição para fazer alterações de carreira, em detrimento da franja populacional com uma idade mais elevada”.

Há cada vez mais mulheres no mercado de trabalho, mas que estas continuam a ganhar menos que os homens. De acordo com o estudo da Multipessoal, este é o principal fator que leva as mulheres a mudar de emprego, uma vez que 54% das inquiridas procura emprego para ter um vencimento superior.

André Ribeiro Pires fala numa alteração do estilo de vida, em que a mudança de carreira fica para segundo plano. “É difícil afirmar com certezas, mas este valor pode refletir diferentes prioridades que os indivíduos neste intervalo de idades normalmente apresentam face aos mais jovens ou aos mais adultos. Por exemplo, sabemos que a idade média dos casais ao nascimento do primeiro filho em Portugal tem vindo a aumentar para os cerca de 30 anos de idade e esse fator pode já ser um excelente motivo para que a estabilidade profissional se torne uma prioridade. Assim, é possível que a mudança de carreira fique para segundo plano, numa fase em que o acompanhamento das crianças é crítico e que o foco acaba por ser colocado na família”, justifica.

1/5 das mulheres procuram novo emprego diariamente

Ainda sobre esta questão, as mulheres demonstram maior propensão para mudar de emprego a curto prazo do que os homens, 35% vs. 26%, respetivamente. Além disso, em relação à frequência com que procuram emprego, o estudo demonstra que quase metade da amostra (44%) afirma que costuma procurar emprego pelo menos uma a duas vezes por semana, e 1/5 das mulheres diz mesmo procurar emprego todos os dias, face a apenas 16% dos homens que o fazem. Dados que o executive board member e COO da Multipessoal justifica com a diferença salarial que ainda persiste entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

“É sabido que há cada vez mais mulheres no mercado de trabalho, mas que estas continuam a ganhar menos que os homens. De acordo com o estudo da Multipessoal, este é o principal fator que leva as mulheres a mudar de emprego, uma vez que 54% das inquiridas procura emprego para ter um vencimento superior”, refere.

A empresa de RH verificou também que as mulheres têm, de uma forma geral, uma maior preocupação com o work-life balance quando comparadas com os homens, uma vez que 39% procura emprego para poder gerir melhor a vida profissional e pessoal, enquanto nos homens este valor fixa-se nos 29%.

Já em termos de localização, os residentes em grandes centros urbanos estão mais ativos atualmente na procura de emprego (35%) do que aqueles que vivem fora das principais metrópoles (28%).

O contexto financeiro do agregado familiar também desempenha um papel relevante na busca de emprego: dos indivíduos cujo rendimento do agregado é inferior a 1.000 euros mensais, 46% afirma estar à procura, versus apenas 11% dos indivíduos cujo agregado ganha mais de 3.000 euros por mês.

Realizado em outubro, o estudo da Multipessoal, em parceria com a Netsonda, contou com entrevistas realizadas online a um total de 400 participantes, homens e mulheres entre os 18 e os 64 anos, de todas as regiões de Portugal continental.

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