PIB cresceu 4,9% em 2021, acima do previsto pelo Governo
Após queda de 8,4% em 2020, o PIB recuperou em 2021 com um crescimento de 4,9%. O valor vai além dos 4,8% previstos pelo Governo e dos 4,6% estimados por António Costa.
A economia portuguesa cresceu 4,9% em 2021, após a queda de 8,4% em 2020, influenciada pelo impacto da crise pandémica. Este número fica acima dos 4,8% previstos pelo Governo no Orçamento para 2022 (OE 2022) e dos 4,6% referidos por António Costa na campanha eleitoral. A estimativa rápida para o PIB em 2021 foi revelada esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
“No conjunto do ano 2021, o PIB registou um crescimento de 4,9% em volume, o mais elevado desde 1990, após a diminuição histórica de 8,4% em 2020, na sequência dos efeitos marcadamente adversos da pandemia Covid-19 na atividade económica”, revela o INE. Qual foi o motor desta retoma? A procura interna, com um “contributo positivo expressivo”, graças à recuperação do consumo privado e do investimento.
Além disso, a procura externa líquida (exportações descontadas das importações), teve um contributo “bastante menos negativo”, “tendo-se registado crescimentos significativos das importações e das exportações de bens e de serviços”.
“A recuperação da economia ficou a dever-se a uma recuperação do consumo interno e também a uma aceleração das nossas exportações ao longo do ano. É uma trajetória de recuperação saudável, depois de uma queda muito brusca do PIB em 2020”, afirmou Siza Vieira, num vídeo divulgado pelo Ministério da Economia e da Transição Digital, em reação aos dados.
O gabinete de estatísticas refere nesta publicação que a atual estimativa rápida “incorpora nova informação primária para os trimestres anteriores, determinando revisões em alguns agregados nos trimestres de 2021″, nomeadamente no consumo público e no investimento, em específico em construção. “Por último, é ainda de sublinhar a incorporação de informação mais recente do comércio internacional de bens e, principalmente, com um efeito mais pronunciado, de serviços para o conjunto do ano de 2021“, acrescenta o INE.
Estas atualizações levaram o INE a melhorar a estimativa do PIB nos trimestres anteriores: no primeiro trimestre para uma queda de 5,4% (-5,7% anteriormente) e um crescimento de 16,4% no segundo trimestre (16,1% anteriormente) e de 4,5% no terceiro trimestre (4,2% anteriormente). Esta revisão em alta poderá ajudar a explicar a diferença face às previsões dos economistas que apontavam para um crescimento de 4,4%.
No quarto trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,6% em cadeia (face ao terceiro trimestre de 2021) e 5,8% em termos homólogos, revela ainda o gabinete de estatísticas. Estes números representam uma aceleração face ao crescimento homólogo de 4,5% no terceiro trimestre do ano passado.
“Ao contrário do trimestre anterior, o contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi positivo, em consequência da aceleração em volume das Exportações de Bens e Serviços”, detalha o INE, confirmando também que o contributo da procura interna foi positivo.
Porém, há uma má notícia no quarto trimestre devido a uma “perda significativa nos termos de troca, mais intensa que nos dois trimestres precedentes, em resultado do crescimento pronunciado do deflator das importações, nomeadamente de bens energéticos e matérias-primas“. Ou seja, o encarecimento das importações está a prejudicar mais a competitividade nacional.
Na ótica em cadeia, o PIB desacelerou uma vez que tinha crescido 2,9% no terceiro trimestre, “refletindo uma diminuição do contributo positivo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB”.
Estes dados são conhecidos no rescaldo da vitória inesperada do PS nas legislativas antecipadas por maioria absoluta, e uma semana depois de António Costa ter sido criticado por avançar, durante a campanha, que a economia tinha crescido 4,6% em 2021, antes de o INE publicar esta estimativa. Porém, o primeiro-ministro posteriormente esclareceu que era uma previsão sua e não informação privilegiada.
Os dados completos com maior detalhe sobre a evolução da economia portuguesa em 2021 serão divulgados a 28 de fevereiro pelo INE.
(Notícia atualizada às 9h54 com mais informação)
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