EUA criam 467 mil empregos em janeiro. Economistas esperavam 125 mil

A economia norte-americana criou 467 mil empregos em janeiro, significativamente mais do que os 125 mil que eram esperados pelos economistas. O Departamento do Trabalho atualizou também o número de empregos criados em dezembro, revendo-o em forte alta, dos 199 mil reportados para 510 mil.

À luz desta informação, Wall Street acordou com sentimento misto. Estes eram dados bastante aguardados pelos investidores, que temiam um eventual impacto da variante Ómicron na empregabilidade. A informação divulgada vem aliviar esses receios, indiciando um mercado laboral pujante e resiliente face à subida expressiva dos casos de Covid-19.

Além da revisão em alta dos dados de dezembro, o número de empregos criados em novembro foi alvo de uma atualização ainda maior. Anteriormente, tinha sido indicado mais 249 mil empregos nesse mês. Agora, o Departamento do Trabalho vem dizer que, na verdade, a economia criou 647 mil novos postos de trabalho.

Contudo, os investidores ficaram também a saber que os salários continuaram a subir, com o vencimento médio por hora a crescer 0,7%, o maior aumento desde abril de 2021 e acima dos 0,5% que eram esperados. Com esta informação fresca, a subida anual dos salários nos EUA acelera para 5,7%.

Este é um dado difícil de digerir para os investidores, pois sugere que os trabalhadores estão a exigir salários mais elevados para combater a subida acelerada da inflação. Tal pode gerar um ciclo vicioso, com as empresas a passarem para os consumidores o custo mais elevado da mão-de-obra, gerando ainda mais inflação.

Wall Street divide-se

Minutos depois da divulgação dos dados do emprego, os principais índices bolsistas norte-americanos abriram mistos, no rescaldo das fortes perdas da sessão anterior. Os investidores dividem-se na avaliação aos dados do mercado laboral, no contexto da cada vez mais próxima subida dos juros.

O S&P 500 soma 0,06%, para 4.480,34 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq valoriza 0,59%, para 13.960.77 pontos, depois de ter caído quase 4% na quinta-feira. Em contrapartida, o industrial Dow Jones recua 0,21%, para 35.038,77 pontos.

Os dados do mercado laboral estão a ser vistos com cautela pelos investidores, dado que este indicador é seguido pela Reserva Federal dos EUA como um dos “barómetros” para definição da política monetária. Perante este bom desempenho do mercado laboral, os investidores temem ainda mais subidas das taxas de juro ao longo deste ano.

Os últimos dias têm sido de grande volatilidade nos mercados acionistas, na sequência dos lucros divulgados pelas cotadas ligadas ao setor tecnológico.

A título de exemplo, a Amazon revelou na quinta-feira que os lucros dispararam 56%, para 33,4 mil milhões de dólares, em 2021. Já a Meta, holding que detém o Facebook e o Instagram, registou lucros de 10,3 mil milhões de dólares no quarto trimestre de 2021, menos 8% do que no período homólogo, e abaixo dos 10,9 mil milhões esperados pelos analistas.

Depois de uma queda histórica de 26% na última sessão, as ações da Meta recuam agora mais 1,43%, para 234,37 dólares. Já a Amazon dispara 10,99%, para 3.082,01 dólares.

O setor tecnológico é particularmente sensível a subidas de juros, dado que tornam menos atrativos os lucros futuros, que são a forma como os investidores avaliam as empresas deste setor.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h01)