Maioria das empresas não recorreu à solução para as moratórias com medo de ficarem marcadas pela banca, diz AHRESP
As empresas só usaram 4% da linha de apoio às moratórias. Banco de Fomento diz que baixa utilização é sinal de que as empresas não precisam de ajuda. Já a AHRESP critica "condições pouco vantajosas".
A associação que representa o setor dos hotéis e restaurantes em Portugal considera que a fraca adesão por parte das empresas à linha de apoio ao fim das moratórias se deve “às condições de acesso pouco vantajosas” do programa, contrariando assim a visão do Banco Português de Fomento. “A maioria das empresas do nosso setor não recorreu a este mecanismo por receio ficarem de sinalizadas de forma negativa junto do Banco de Portugal”, diz a AHRESP.
As empresas utilizaram apenas 4% do total de 1.000 milhões disponibilizados ao abrigo da Linha Retomar, destinada à reestruturação dos créditos em moratória, com o banco liderado por Beatriz Freitas a justificar que a pouca adesão “é um sinal de que a maioria das empresas portuguesas nos setores mais afetados pela crise não sentiu a necessidade” ou encontrou outra solução junto dos bancos.
Entendimento diferente tem a AHRESP, que diz esta terça-feira, na sua newsletter diária, que “não pode deixar de ressalvar que o problema está nas condições de acesso ao programa e não na ausência de necessidade por parte das empresas”.
A associação que representa um dos setores mais afetados pela pandemia e que mais recorreu às moratórias fala mesmo em condições “pouco vantajosas” para as empresas da linha Retomar, uma reclamação que já vinha sendo feita também pelos bancos.
“Desde o lançamento do programa, a AHRESP tem vindo a alertar para o facto dos processos de reestruturação ao abrigo desta linha não deverem influenciar o historial bancário das empresas beneficiárias, nem prejudicar a análise de eventuais pedidos futuros de financiamento junto da banca”, frisa.
Assim, para a AHRESP, “apesar das graves dificuldades de tesouraria que ainda enfrentam” muitas empresas afetadas pela pandemia, “a grande maioria das empresas do nosso setor não recorreu a este mecanismo por receio de ficarem sinalizadas de forma negativa junto do Banco de Portugal”.
"Apesar das graves dificuldades de tesouraria que ainda enfrentam, a grande maioria das empresas do nosso setor não recorreu a este mecanismo por receio de ficarem sinalizadas de forma negativa junto do Banco de Portugal.”
Esta linha de apoio, com uma dotação de mil milhões de euros, serve para emitir garantias para apoiar as operações de reestruturação dos créditos das empresas dos setores vulneráveis em situação de moratória, cujo regime terminou em setembro do ano passado.
Mas desde que foi lançada que os bancos e empresas manifestaram reservas quanto às condições de acesso ao programa, nomeadamente em relação ao facto de os clientes ficarem marcados negativamente pelo sistema financeiro, com consequências tanto para as empresas (que ficam com acesso vedado à banca) como para o setor financeiro (que teria de tratar as reestruturações dos créditos como reestruturações normais).
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