Juros da dívida aliviam após Lagarde afastar aperto agressivo das taxas do BCE
Spread da dívida portuguesa também cede esta terça-feira, depois de Christine Lagarde ter afastado um "aumento prematuro" e agressivo das taxas de juro de referência do BCE.
Os juros e prémio de risco da dívida portuguesa aliviam esta terça-feira, com a taxa das obrigações a dez anos novamente abaixo da fasquia dos 1%, depois de a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ter assegurado que vai esperar por mais dados, incluindo as previsões económicas do seu staff, para tomar uma decisão informada sobre o rumo da taxa de juro na Zona Euro, evitando assim um “aumento prematuro”.
Depois de ter superado a barreira dos 1% pela primeira vez desde abril de 2020, a yield associada às Obrigações do Tesouro a dez anos recua quase quatro pontos base para 0,983%. Mantém-se, ainda assim, em máximos de quase dois anos, naquilo que o mercado considera ser uma subida estrutural perante a esperada inversão da política monetária do BCE para combater a inflação.
Também o prémio de risco da dívida desliza, com o spread face aos títulos alemães (a diferença em relação às bunds, que são referência no mercado) a caírem para 75,70 pontos base, depois de atingirem máximos desde setembro de 2020 esta segunda-feira. Este indicador mostra quanto é que os investidores estão a exigir a mais para deter dívida portuguesa em detrimento de dívida alemã, que é considerada um ativo seguro.
Spread alivia
Fonte: Reuters
Por outro lado, os títulos com prazo a cinco anos também têm os juros em queda, com a taxa a ceder seis pontos base para 0,295%.
Este alívio surge na véspera de Portugal ir ao mercado esta quarta-feira para obter um financiamento até 1.250 milhões de euros em obrigações com os prazos de seis e nove anos, e deverá já sentir um aperto das condições por parte dos investidores.
Outros mercados periféricos como Itália e Espanha também sentiam um ligeiro alívio da parte dos investidores em relação à sua dívida, depois de alguma pressão nos últimos dias. A taxa italiana a dez anos desce hoje para 1,775% e a espanhola cai para 1,059%.
Lagarde disse esta segunda-feira no Parlamento que não há necessidade de um aperto agressivo da política monetária na Zona Euro, pois inflação deverá cair dos atuais níveis altos e pode estabilizar em torno de 2%, que é o objetivo do BCE. “Aumentou a probabilidade de que a inflação irá estabilizar no nosso objetivo, mas não há nenhum sinal de que a inflação irá ficar persistentemente e significativamente acima do objetivo no médio prazo, o que iria requerer um aperto [monetário] considerável”, disse a presidente do BCE.
Os investidores vão estar atentos aos discursos de vários responsáveis do BCE durante esta semana, incluindo Philip Lane e Isabel Schnabel.
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