Macron anuncia construção de seis novos reatores até 2050
O presidente francês quer ainda “prolongar a vida de todos os reatores que puder ser prolongada” para além dos 50 anos, uma reviravolta em relação aos objetivos de selar uma dúzia deles até 2035.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou esta quinta-feira um grande plano de relançamento do nuclear civil, com o objetivo de construir até 2050 seis novos reatores e estudar a construção de mais oito.
A dois meses das eleições presidenciais em França, Macron disse igualmente que quer “prolongar a vida de todos os reatores que puder ser prolongada” para além dos 50 anos, se possível, e evitar o respetivo encerramento, uma reviravolta em relação aos objetivos de 2018 de selar uma dúzia deles até 2035, além dos dois de Fessenheim, no leste de França, já encerrados.
“Tomei duas grandes decisões: prolongar todos os reatores nucleares que puderem sê-lo, sem ceder nada em matéria de segurança” e “que nenhum reator nuclear em estado de produção seja encerrado no futuro (…) exceto por razões de segurança”, declarou em Belfort, na unidade de fabrico das turbinas Arabelle, cuja aquisição à norte-americana GE a empresa de eletricidade francesa EDF anunciou hoje mesmo.
Macron precisou que, para tal, pediu à EDF para construir seis reatores de água pressurizada de segunda geração (EPR2), “estudar as condições de prolongamento do seu funcionamento além de 50 anos” e estudar a construção de mais oito até ao fim da década de 2040.
Para os novos reatores, “vamos proceder por etapas”, explicou, com a entrada em funcionamento do primeiro EPR2 por volta de 2035. “Em termos concretos, vamos iniciar os projetos preparatórios nas próximas semanas”, disse Emmanuel Macron, prometendo “financiamentos públicos enormes, de várias dezenas de milhares de milhões de euros” e “garantir a segurança da situação financeira da EDF”, fortemente endividada.
Além do relançamento do nuclear, o Presidente francês cessante, que ainda não anunciou a sua recandidatura às presidenciais agendadas para abril, apresentou, de forma mais ampla, a sua visão para o futuro energético de França, comprometida com a neutralidade carbónica em meados do século para combater o aquecimento global.
Para tal, “sim, precisamos de desenvolver em massa as energias renováveis”, defendeu, a começar pela energia nuclear – um setor obstruído por recursos quase sempre iguais e atrasos administrativos, que exige “uma voz política clara”.
Mas construir um novo reator nuclear é só daqui a 15 anos, e precisamos de energias renováveis de imediato, indicou Macron, razão pela qual definiu como objetivo dotar o país de 50 parques eólicos no mar e “alcançar 40 gigawatts em serviço em 2050”, um limiar muito ambicioso quando o primeiro desses equipamentos começará a funcionar em abril, com dez anos de atraso.
Até 2050, o Presidente quer multiplicar por quase dez a potência solar instalada para ultrapassar 100 gigawatts. Atualmente, França tem, no total, mais de 13,2 gigawatts disponíveis.
Em contraste, nos parques eólicos terrestres, pretende multiplicar por dois a atual capacidade em 30 anos, em vez dos dez anos até agora previstos.
Este discurso do chefe de Estado francês traça um panorama de longo prazo, mas permitiu-lhe ocupar-se desde já de um dos grandes temas da campanha das presidenciais de 2022, a energia nuclear, com alguns candidatos a defender o seu abandono mais ou menos rápido (ecologistas e antissistema), ao passo que outros (nomeadamente a direita e a extrema-direita, mas também o partido comunista) são favoráveis a este tipo de energia.
As ambições de Macron nesta área também divergem das posições assumidas por alguns dos seus parceiros na União Europeia (UE), como por exemplo a Alemanha que está prestes a acabar com as suas centrais nucleares.
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