Autoeuropa já tem pré-acordo laboral que prevê aumentos de 2%
No pré-acordo, está previsto um "aumento salarial de 2% com um mínimo de 25 euros para 2022", "de 2% com um mínimo de 30 euros para 2023" e transformação do prémio de 2022 em 22 dias não trabalháveis.
A administração e a Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa chegaram na quinta-feira a um pré-acordo laboral que prevê aumentos salariais de 2% em 2022 e 2023, com um mínimo de 25 euros este ano e de 30 euros no próximo. Já estão marcados plenários para discutir com os trabalhadores as propostas em cima da mesa, estando prevista a votação do pré-acordo a 24 e 25 de fevereiro.
“A Comissão de Trabalhadores chegou hoje [quinta-feira] a um pré-acordo, com a administração”, anuncia o comunicado enviado aos colaboradores, a que o ECO teve acesso. “Num contexto de baixa substancial de volume previsto, relativamente à capacidade instalada na fábrica, provocada pela crise dos semicondutores e que punha em causa a manutenção da quarta equipa, a CT, após várias reuniões de negociação, conseguiu garantir” neste pré-acordo a garantia da manutenção dessa equipa, aumento de salários e um acordo que “proporciona estabilidade e perspetivas para o futuro”, detalha o documento.
Assim, no pré-acordo, alcançado num momento em que a empresa tem em marcha um programa de rescisões voluntárias para fazer face à quebra de produção prevista para este ano, tal como o ECO avançou, está previsto “aumento salarial de 2% com um mínimo de 25 euros para 2022 e de 2% com um mínimo de 30 euros para 2023“.
A introdução destes patamares mínimos pretende salvaguardar os ordenados mais baixos. O salário mais baixo pago na fábrica é de 1.078 euros. Estes valores são ligeiramente diferentes dos propostos pela administração: 2% este ano e de 1,8% no próximo, com um aumento mínimo de 25 e 30 euros, respetivamente, tal como o ECO avançou. Ou seja, através das negociações foi possível aumentar em 0,2 pontos percentuais o aumento de 2023 e melhorar a proposta de aumento de 1,7%, com um mínimo de 20 euros por ano, inscrita no pré-acordo que foi rejeitado pelos trabalhadores o ano passado. Por outro lado, as partes acordam que “nas próximas negociações será tomada em consideração a inflação passada”, refere o documento.
Em cima da mesa está ainda a manutenção dos prémios de fim de semana e transformação do prémio de 2022 em 22 dias não trabalháveis, de forma a garantir a manutenção da quarta equipa, uma flexibilização proposta pela administração e que a CT aceitou. “Nesta proposta está salvaguardado o pagamento do prémio proporcionalmente a um aumento de volume da produção prevista. Estes dias são de gozo coletivo e só serão utilizados após a utilização dos 22 Down Days”, precisa o comunicado daquele organismo.
Ou seja, tendo em conta que está prevista uma redução de 53 mil veículos na produção face a 2021, devido à escassez de matérias-primas, nomeadamente de semicondutores, que afeta toda a indústria e que obriga a fábrica a não trabalhar nos fins de semana até março, a CT aceitou que houvesse mais 22 dias de não produção (além dos normais 22 dias de Down Days) para garantir que não há perdas de rendimentos por parte dos trabalhadores.
Presentemente, a Autoeuropa só produz o T-Roc e a carrinha Sharan, que deverá deixar de ser produzida em meados deste ano, e sem um novo modelo o quarto turno da fábrica está em risco. Mas a empresa compromete-se a anunciar até 2023 um novo modelo, que só entrará em produção em 2025.
A administração também acedeu a criar a letra “G” para desbloquear os topos de carreira, “com um aumento de 2% da letra ‘F’ dos vários níveis”, diz o comunicado, e a repor excecionalmente o prémio de objetivos de 2021. Devido ao efeito da pandemia muitos trabalhadores tiveram ausências mais prolongadas devido a períodos de isolamento ou de assistência a filhos menores por fecho das escolas e isso poderia comprometer a atribuição dos prémios.
Outra cedência foi alargar as duas pausas diárias de sete para dez minutos, dar três dias especiais sem critérios para de gozo individual para todos os trabalhadores este ano e aumentar para oito mil euros o valor a atribuir para as bolsas de estudo.
Agora, nos próximos dias 17 e 18 de fevereiro, são realizados plenários para explicar aos cerca de cinco mil trabalhadores o pré-acordo alcançado e as votações serão feitas a 24 e 25 por sufrágio direito em urna.
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