Fora dos planos da Volkswagen, Autoeuropa não desiste de vir a produzir carros elétricos

Para já, a Autoeuropa está fora do radar da Volkswagen para a produção de automóveis elétricos. Mas fonte oficial da empresa diz ao ECO que continua a esperar fazer parte desta "transformação".

A Autoeuropa ficou fora da lista de fábricas europeias que a Volkswagen quer transformar nos próximos cinco anos para a produção de carros elétricos. Mas a unidade de Palmela não desistiu de fazer parte da tendência mais marcante no setor.

“O carro elétrico já está a transformar toda a indústria automóvel, e todos esperamos que a Volkswagen Autoeuropa faça parte dessa transformação”, disse ao ECO fonte oficial da Autoeuropa, poucos dias depois de a Volkswagen ter divulgado novos investimentos na eletrificação.

O objetivo da Volkswagen é que um em cada quatro automóveis vendidos em 2026 seja movido a bateria. Ora, na última quinta-feira, a empresa anunciou investimentos nas fábricas de Bruxelas (Bélgica), Pamplona e Martorell (Espanha) e Wolfsburg, Leipzig, Salzgitter, Hanover e Neckarsulm (Alemanha).

Perante esta decisão, uma porta-voz da Autoeuropa disse ao ECO que a fábrica de Palmela continua a ambicionar fazer parte do futuro da indústria automóvel, que é elétrico. No entanto, refere que, para já, a unidade portuguesa está focada em produzir o T-Roc.

O “carro elétrico é importante, sem dúvida, mas neste momento estamos focados em produzir o T-Roc, um dos modelos com maior sucesso da marca Volkswagen, do qual acabámos de apresentar o facelift, que temos a certeza que será do agrado dos nossos clientes”, remata a referida fonte.

O carro elétrico já está a transformar toda a indústria automóvel, e todos esperamos que a Volkswagen Autoeuropa faça parte dessa transformação.

Fonte oficial da Volkswagen Autoeuropa

Bilhete para o futuro

A questão não é de somenos importância. Ficar fora da nova mobilidade elétrica representaria uma ameaça à continuidade da fábrica da Autoeuropa em Portugal no futuro.

Em julho, a Comissão Europeia propôs a proibição efetiva da venda de novos automóveis com motores a combustão a partir de 2035, com vista a reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera e acelerar a transição para carros elétricos (que, direta ou indiretamente, produzem significativamente menos emissões de gases com efeito de estufa).

A pensar nesse futuro, o grupo Volkswagen vai investir na eletrificação e/ou digitalização de algumas das suas fábricas na Europa. Por exemplo, a fábrica de Hannover vai passar a ser “totalmente elétrica” no médio prazo, onde a empresa espera começar a produzir o modelo Artemis e o ID.California. Em Bruxelas, onde tem uma fábrica já totalmente eletrificada, a empresa vai passar a produzir o novo Audi Q8 e-tron a partir de 2026.

“Na Península Ibérica, há planos para produzir veículos compactos na fábrica multimarca em Martorell e SUV elétricos na fábrica multimarca de Pamplona a partir de 2025. A decisão final depende das condições gerais e dos incentivos governamentais”, assume a Volkswagen, num comunicado onde não há qualquer referência à Volkswagen Autoeuropa.

Feitas as contas, a empresa tenciona investir 89 mil milhões de euros nos próximos cinco anos em “tecnologias do futuro, como a mobilidade elétrica e a digitalização”. O plano deverá salvaguardar 130 mil empregos, estimou a companhia.

Mas nem tudo está perdido, uma vez que a Volkswagen ainda pode decidir produzir automóveis elétricos em Palmela. Em fevereiro, Miguel Sanches, então diretor-geral da Autoeuropa, disse aos jornalistas que apenas sete das 122 fábricas do grupo Volkswagen produziam carros elétricos nessa altura.

De seguida, o responsável disse que, à medida que os carros elétricos ganham escala, se a Autoeuropa “mantiver os níveis de excelência e de produtividade e custos de fabricação”, será “uma questão de tempo” até começar a fabricar este tipo de veículos. As declarações foram citadas pelo Jornal de Negócios.

Facto é que a corrida à mobilidade elétrica está instalada no setor automóvel. E a velocidade começa a gerar apreensão nas fabricantes. Na semana passada, o Financial Times avançou que a Associação Europeia de Fornecedores Automóveis (Clepa) estima que, se a proibição proposta pela Comissão Europeia se materializar, estão em risco mais de meio milhão de empregos no setor. Já a PwC calcula que poderão ser criados 226 mil novos postos de trabalho com a transição para a mobilidade elétrica.

Dias antes da apresentação do plano estratégico da Volkswagen, também a Stellantis anunciou investimentos pesados na eletrificação e digitalização das 14 marcas do grupo (entre as quais a Peugeot, Citroën e Opel). A gigante comandada pelo português Carlos Tavares planeia desembolsar 30 mil milhões de euros até 2025 no desenvolvimento de software para os carros do futuro, e na transição elétrica.

A empresa quer empregar 4.500 engenheiros software em 2024 para gerar receitas adicionais com os novos automóveis, que serão autênticas plataformas sobre rodas, através da oferta de novos serviços e subscrições. Estimando que vão existir 34 milhões de automóveis “monetizáveis” em 2030, a Stellantis estima, com esta aposta, gerar receitas adicionais de 20 mil milhões de euros por ano em 2030.

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