Apoio do BEI a Portugal atinge recorde. País foi o segundo maior beneficiário em percentagem do PIB
Em percentagem do PIB, Portugal foi o segundo maior beneficiário de apoio do Grupo BEI, na União Europeia, ocupando o quinto lugar em termos absolutos.
O financiamento do Banco Europeu de Investimento em Portugal atingiu um valor recorde o ano passado. Foram 5.324 milhões de euros disponibilizados através de 27 operações. Este desempenho representou um aumento de 130% face a 2020, revelou o vice-presidente do BEI esta segunda-feira.
Em percentagem do PIB, Portugal foi o segundo maior beneficiário de apoio do Grupo BEI, composto pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) e pelo Fundo Europeu de Investimento (FEI), na União Europeia, ocupando o quinto lugar em termos absolutos. Em 2020, Portugal tinha sido o quarto país europeu que mais beneficiou do apoio do BEI, em percentagem do PIB. Foram financiados 2,33 mil milhões de euros, também em 27 operações, um valor que representou um aumento de 44% face a 2019.
As operações mais avultadas foram contratualizadas com a Galp – um financiamento para construir um parque solar no Algarve e outro para construir uma rede de carregadores elétricos, com forte implementação nas regiões de coesão num total de 81,5 milhões de euros – e com a Medway, antiga CP Carga, que assegurou um investimento de 45 milhões para comprar 16 locomotivas elétricas e 113 vagões intermodais, expandindo o transporte ferroviário de mercadorias em Portugal e Espanha e “aumentando a oportunidade de o porto de Sines se transformar num hub ibérico”, sublinhou Ricardo Mourinho Félix.
Mas a maior parte da atividade do Grupo BEI em Portugal (92%) está concentrada nas PME. O ano passado devem ter sido apoiadas mais de 22 mil PME nacionais. O objetivo foi, em tempos de pandemia assegurar que tinham a liquidez necessária através de garantias e titularizações. O Fundo de Garantia Pan-Europeu, instituído na sequência da pandemia precisamente para suprir as necessidades financeiras das PME, as mais afetadas durante o surto de Covid-19, explica a mais do que duplicação do financiamento do Grupo BEI faço ao ano anterior. Este fundo, no valor de 24,4 mil milhões de euros, foi criado no final de 2020 pelo Grupo BEI e por 22 Estados-membros para ajudar as empresas a recuperar da crise, e, desde dezembro de 2020, apoiou 401 operações individuais nos 22 países participantes.
Portugal foi um dos principais beneficiários deste fundo, o EGF, através das garantias que o BEI e o FEI assinaram com instituições financeiras nacionais. Em 2021, o Grupo BEI assinou 16 operações no âmbito deste fundo, num montante total de garantias superior a 1,8 mil milhões de euros. “Portugal contribuiu com 227 milhões de euros para o fundo, as entidades nacionais beneficiaram de garantias de 1,8 mil milhões que mobilizaram investimentos de 11,6 mil milhões”, explicou Mourinho Félix.
Já o vice-presidente do FEI lembra que o fundo apoiou cinco dos sete unicórnios com ADN português, “e há mais dois a caminho”, porque são empresas que têm subjacente inovação e efeitos spill over para toda a economia. Roger Havenith recorda que o FEI ajudou a dar escala às PME nacionais. “É uma área onde temos de fazer mais, não só em Portugal, mas em toda a Europa explica o responsável para dar a estas empresas as mesmas oportunidades que obtém no mercado norte-americano.
Projetos de renováveis no pipeline
Para este ano já há investimento em pipeline, nomeadamente ao nível das energias renováveis. “Estamos a trabalhar com diversos promotores em Portugal e em Espanha em projetos de energias renováveis”, revela Mourinho Félix, recordando que o objetivo do BEI é dedicar 50% do seu financiamento às renováveis.
“Se há coisas que devemos aprender com o aumento dos preços da energia é a diversificar as fontes de fornecimento de energia. E o BEI está focado em continuar a apoiar projetos sem emissões de CO2”, acrescenta. “Há 20 anos, o BEI foi dos primeiros a apoiar a produção de energia eólica em mar alto, eram projetos-piloto e agora são altamente lucrativos”, sublinha o vice-presidente do BEI. Agora a aposta é na produção de “energia wind floating, ou seja, as plataformas não estão fixadas ao fundo do mar, o que dá maior produtividade e eficiência”. Esta técnica começou em Portugal, em Viana do Castelo, agora França está a desenvolver quatro, disse Mourinho Félix, ilustrando assim a aposta do banco em projetos que inicialmente outros podem não querer financiar por serem excessivamente arriscados.
Ascenso Pires, chefe de divisão das operações de crédito em Portugal, garante que “o pipeline de 2022 e 2023 é bastante diversificado e robusto e está em diferentes estádios de maturidade”. “O banco apoiou projetos piloto como o wind float e o wave roller (energia das ondas) muito empenhados em apoiar toda a cadeia do hidrogénio em Portugal, e o armazenamento das baterias de lítio”, precisou. Ou seja, “há um conjunto de projetos nas energias renováveis, mas nesta fase é difícil antecipar quanto vai ser fechado em 2022, porque os projetos têm maturidades e dadas de conclusão diferente”, concluiu.
(Notícia em atualização)
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