EDP admite que barragens paradas pelo Governo “têm impacto” no negócio
"Até agora estamos a falar de menos 2 TW de energia produzida em fevereiro. Faremos o balanço nos resultados do 1º trimestre", disse o CEO da EDP, sem acrescentar mais detalhes.
Por ordens do Governo, a EDP está desde o mês de fevereiro impedida de produzir energia hidroelétrica nas barragens de Alto Lindoso/Touvedo, Alto Rabagão, Vilar/Tabuaço, Cabril e Castelo de Bode. Com 45% do país em situação de seca severa ou extrema, foram definidas cotas/volumes de água a partir dos quais usos como a produção de energia ou a rega ficam assim condicionados.
O ECO já tinha perguntado à EDP qual seria o impacto desta proibição no seu negócio, mas a empresa não respondeu e remeteu para o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, que nessa altura confirmou também que a elétrica não tem de ser indemnizada de nenhuma forma por esta paragem da geração de energia nas suas barragens que estão a ser afetadas.
No entanto, no espaço de pouco tempo, a resposta do CEO da EDP, Miguel Stilwelld’Andrade, mudou rapidamente de tom: “Obviamente que [a paragem das barragens] tem impacto. Até agora estamos a falar de menos 2 TW de energia produzida. Faremos o balanço nos resultados do 1º trimestre”, disse o responsável na conferência de imprensa de apresentação de resultados da EDP, sem acrescentar mais detalhes.
Na mesma mesa, a administradora com o pelouro da produção, Ana Paula Marques, acrescentou que que a EDP está “muito atenta” ao nível das albufeiras que se encontram acima das cotas contratuais de forma a assegurar os usos prioritários para a água. Questionada sobre se prevê que a restrição à produção hídrica possa ser estendida a outras barragens por causa da seca, assinalou que é preciso salvaguardar as necessidades energéticas do país”.
O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, já tinha avisado que no final deste mês será feita uma nova avaliação e a paragem das barragens poderá ser prolongada, ou até estendida a outras albufeiras, se for necessário. Matos Fernandes explicou também que nas barragens identificadas “a produção de eletricidade se reduzirá às necessidades de ponta (duas horas por semana) e ao equilíbrio dos serviços de sistema, garantindo que não vai fazer falta esta produção de renováveis ao mix energético nacional”.
Questionado esta quinta-feira pelos jornalistas sobre se as barragens em questão, que agora estão paradas, foram exploradas em demasia no último trimestre de 2021, dando assim também origem a esta situação de redução crítica nas quotas das mesmas, o CEO garante que as mesmas foram “operadas dentro dos parâmetros normais”, sem quaisquer exageros.
“A situação é o que é. Em janeiro choveu 1/3 do que normalmente costuma chover e em fevereiro apenas 1/5″, disse Stilwell, acrescentando: “Operamos as barragens no contexto dos contratos de concessão, e isso tem sido articulado com todos, Governo, APA, etc. Queremos ser parte da solução para resolver a seca, para a agricultura, para o setor elétrico. Não estamos a discutir nem a pedir compensações. Estamos operar dentro dos parâmetros do contrato de concessão das barragens”.
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