A startup portuguesa Power Dot começou por querer instalar gratuitamente carregadores elétricos em todos os parques de estacionamentos do país, mas agora já levou esta vontade além-fronteiras.
A Power Dot, uma startup portuguesa que opera no setor da mobilidade elétrica, nasceu em 2019 com o objetivo de instalar gratuitamente carregadores para carros elétricos em todos os parques de estacionamento do país.
Três anos depois, a empresa já está presente em mais de 400 localizações em Portugal – Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Braga, Guimarães, Setúbal, Guarda, Évora, Covilhã, Viseu e Coimbra -, e também opera em três países europeus, nomeadamente Espanha, França e Polónia, com escritórios próprios.
De acordo com José Sacadura, general manager da Power Dot, esta rápida evolução da empresa, bem como a sua internacionalização, aconteceram devido à necessidade cada vez mais evidente de criar rotas preparadas para carros elétricos, uma vez que estes são o futuro da mobilidade.
Para 2025, o objetivo da Power Dot é superar os 2000 pontos de carregamento em Portugal, ou seja, duplicar os números atuais. Já em 2030 querem duplicar de novo, para os 4000 pontos no mercado nacional.
A Power Dot começou 2020 com 90 pontos de carregamentos em território nacional e entrou agora em 2022 com quase 1000. A que se deveu este crescimento?
A mobilidade elétrica está na ordem do dia. É urgente mudar mentalidades e hábitos e a verdade é que estes números demonstram que a mudança é uma realidade que está a acontecer a alta velocidade. Os dados de vendas de 2021 demonstram que no ano passado foi batido o recorde de vendas de veículos 100% elétricos, com um aumento de 72.8%. A rede pública de carregamento para veículos elétricos também aumentou 65% em 2021 e estão em comercialização em Portugal mais de 120 modelos e versões de veículos elétricos. Estes factos, aliados a uma maior consciencialização por parte dos consumidores e das empresas para a necessidade de se reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, criam a necessidade da existência de mais opções de carregamento e é nesse sentido que a Power Dot trabalha diariamente no terreno, com o objetivo de contribuir para este crescimento, e o facto de instalarmos gratuitamente os carregadores e garantirmos a gestão e manutenção dos mesmos sem custos acrescidos, é uma mais valia que tem sido reconhecida pelos nossos parceiros.
Além do crescimento a nível nacional, já marcam presença em três países europeus: Espanha, França e Polónia. Como aconteceu a internacionalização da empresa?
A internacionalização sempre esteve nos planos da Power Dot e atualmente já somos o maior player português de carregadores elétricos a operar na Europa. Sabemos que a mobilidade elétrica não é apenas uma necessidade local, por isso olhámos para o nosso modelo de negócio e como o poderíamos replicar noutros mercados. Fizemos toda uma análise detalhada e cuidada dos potenciais mercados e de como poderíamos penetrar com o nosso modelo de negócio e cultura empresarial. Rapidamente percebemos que para conseguirmos vingar tínhamos que ter os nossos escritórios locais e uma equipa a trabalhar connosco a tempo inteiro. E foi isso que fizemos.
E para o futuro? Quais são os objetivos que a Power Dot ainda pretende alcançar?
A Power Dot não para enquanto houver um parque de estacionamento por equipar. Em Portugal, queremos continuar a crescer e estar em todos os municípios de norte a sul do país. Neste momento estamos em 45% dos municípios, por isso a margem de crescimento é enorme. Para 2025, o objetivo da Power Dot é superar os 2000 pontos de carregamento, ou seja, duplicar os números existentes neste momento, é chegar aos 4000 pontos de carregamento em 2030. A nível internacional, queremos crescer nos países onde estamos, e onde temos objetivos muito ambiciosos para 2030, ou seja, passar dos atuais 1082 para 23.500 pontos de carregamento.
A rede pública de carregamento para veículos elétricos também aumentou 65% em 2021 e estão em comercialização em Portugal mais de 120 modelos e versões de veículos elétricos.
Nos três países europeus já contam com 1082 pontos de carregamento. Lá fora o tipo de parceiros são os mesmos do que em Portugal?
O modelo de negócio é o mesmo, assim como os objetivos e os potenciais clientes. Uma das vantagens de se operar em diferentes mercados é a sinergia que se cria entre mercados e no caso da Power Dot, sem dúvida que beneficiamos desta rede. Quer de Portugal para o exterior, quer em parcerias que se iniciaram nos mercados lá fora e se estenderam a Portugal. Temos, por exemplo, o caso da CBRE e o E.Leclerc, onde estamos em mais do que um mercado. E assim é possível estabelecer parcerias a nível global versus um nível mais local.
O que mais mudou na empresa nestes três anos, além da expansão fora do país?
A maior mudança prende-se com o rápido crescimento da empresa e as responsabilidades e necessidades inerentes ao processo. A nossa equipa inicial era de quatro pessoas e agora somos quase 40. A internacionalização também nos permitiu ganhar muita experiência. Conhecemos melhor o utilizador do veículo elétrico e os retalhistas e criamos soluções taylor made para cada tipo de espaço, de modo a maximizar a atratividade dos pontos de carregamento. Também investimos cada vez mais em software, de forma a poder garantir maior eficiência dos nossos pontos de carregamento.
Acredita que essa internacionalização também pode ser positiva para Portugal?
Sem dúvida. Mais uma vez é uma empresa portuguesa que está a crescer e a “dar cartas” no estrangeiro. Portugal é reconhecido pela inovação e pioneirismo em muitos setores e os seus profissionais são valorizados pela sua experiência, talento e empreendedorismo, pelo que acredito que a Power Dot vem ajudar a reforçar estas caraterísticas que nos são reconhecidas, além de ser mais uma empregadora de qualidade. A nível interno, aprendemos muito com as boas práticas dos outros países. Sabemos o que funciona e o que não funciona, e podemos importar algumas ideias e sugeri-las localmente. Por exemplo, em muitos países europeus, os incentivos para a transição para a mobilidade elétrica são mais atrativos, quer para os particulares, quer para as empresas. Também a desburocratização nos processos de instalação e de entrada em operação dos carregadores é mais facilitada nalguns países. Em Portugal, existem muitas entidades envolvidas com regras desajustadas, o que cria entropia.
De onde surgiu a ideia do vosso modelo de negócio, que se baseia na instalação gratuita dos carregadores elétricos em parques de estacionamento?
Este negócio surgiu pela necessidade que fomos escutando junto dos proprietários dos espaços de retalho, que pretendiam um valor acrescentado com o serviço de carregamento no seu parque sem terem grandes preocupações e riscos no investimento e operação. Queríamos fazer a diferença e ser competitivos. Temos o objetivo de estar em todos os parques de estacionamento, fazer parte da rotina dos portugueses. Para isso, tínhamos que ter uma abordagem que chamasse a atenção dos potenciais parceiros e que fosse vantajosa para todos. Além de instalarmos gratuitamente, a Power Dot garante ainda a gestão e manutenção sem custos e partilha parte da receita com os proprietários dos parques.
Para 2025, o objetivo da Power Dot é superar os 2000 pontos de carregamento, ou seja, duplicar os números existentes neste momento, é chegar aos 4000 pontos de carregamento em 2030. A nível internacional, queremos crescer nos países onde estamos, e onde temos objetivos muito ambiciosos para 2030, ou seja, passar dos atuais 1082 para 23.500 pontos de carregamento.
Este modelo de negócio continua a ser o vosso principal fator atrativo?
Sim, sem dúvida. Do ponto de vista do parceiro, a Power Dot acrescenta valor ao negócio do seu parceiro e sem custos, pelo que para os nossos parceiros é uma situação 100% vantajosa. Além de passarem a oferecer um serviço mais completo, contribuem para a redução da dependência dos combustíveis fósseis, diminuem a sua pegada de carbono e facilitam a vida dos seus clientes. Para o utilizador, existe a vantagem de ter uma experiência de carregamento integrada na sua rotina, nos diferentes espaços de retalho, comércio e serviços onde este se desloca no seu dia-a-dia.
Uma percentagem dos ganhos que a Power Dot obtém com os pagamentos dos carregamentos (que variam entre 0,13 euros a 0,15 euros/minuto) são partilhados com os proprietários dos parques de estacionamento. Qual é o objetivo desta partilha?
A percentagem depende do tipo de parque, do tipo de espaço ou da dimensão, entre outros. E o objetivo é criar uma parceria entre a Power Dot e o proprietário do parque de estacionamento, onde ambos saem a ganhar não só com a receita gerada mas também com mais e mais carregamentos de energia que se irão traduzir numa poupança de CO2 bastante considerável. Desta forma conseguimos alinhar os interesses entre ambos para que consigamos obter um elevado grau de mobilidade sustentável no seu parque e na respetiva comunidade onde o parque dá resposta.
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“Queremos crescer para 23.500 pontos de carregamento” até 2030, lá fora
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