Galp aumenta em 16% preço da eletricidade para carregar carros elétricos
Primeiro aumento chegou a 1 de janeiro de 2022, mas a 1 de fevereiro os clientes com carro elétrico vão sentir outra subida na fatura. Governo diz que tarifas de acesso não têm influência nos preços.
Depois de logo a 1 de janeiro terem visto os preços da eletricidade que usam para carregar a bateria do carro aumentar 9,8% (nas horas de vazio) e 7,5% (nas horas fora de vazio), a meio do mês, os clientes da Galp para a mobilidade elétrica foram surpreendidos com um novo aviso de atualização das tarifas que entrará em vigor já a partir de 1 de fevereiro.
Com este segundo aumento os preços vão ficar 5,6% mais caros nas horas de vazio e 4,5% fora de vazio. Se a comparação for feita, por exemplo para um cliente que aderiu à Galp Electric com os preços praticados em outubro de 2021, estamos a falar de um salto de 16% no valor da eletricidade para abastecer o carro nas horas de vazio e de 12,4% fora do vazio.
A empresa justifica os aumentos para “refletir o apoio financeiro concedido” aos consumidores “pelo Fundo Ambiental sobre a tarifa da Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME), bem como a atualização das tarifas de acesso às redes”.
Na prática estamos a falar de um valor por kWh na mobilidade elétrica que passou de 0,163 euros em 2021 para 0,179 a 1 de janeiro e 0,189 euros a 1 de fevereiro de 2022 (vazio). Fora de vazio, os preços mudaram de 0,213 euros por kWh no ano passado, para 0,229 no início do ano e 0,2394 no início do próximo mês.
“Conforme anunciado no final de novembro, a Galp atualizou a partir de 1 de janeiro de 2022 os preços finais de eletricidade, sendo que o novo preço reflete o aumento do custo de aquisição de energia, bem como a previsão de redução das tarifas de acesso às redes, anunciada pela ERSE para 2022. Os novos preços do tarifário Galp Electric resultam desse aumento de janeiro e de um posterior acerto, em fevereiro, resultante do fim de um apoio financeiro relacionado com a isenção de parte da tarifa da Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME)”, explica a empresa em resposta ao ECO/Capital Verde.
Em causa está o polémico de Despacho nº 12854-H/2021, publicado em Diário da República a 30 de dezembro de 2021. Por um lado, veio dar um apoio aos utilizadores de veículos elétricos através do Fundo Ambiental, contrariando assim uma decisão que a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) tinha tomado de aumentar a taxa da Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME) em 2022 e que iria onerar ainda mais a fatura de quem tem carro elétrico.
Estamos a falar de uma diferença de 0,2964 euros por carregamento, para apenas 0,035 euros (já com apoio do Fundo Ambiental). Este valor é pago pelos utilizadores, cobrado pelas empresas e entregue à EGME. No entanto, de acordo com a ERSE, a tarifa da entidade gestora da rede de mobilidade elétrica representa apenas “cerca de 10% da fatura total” dos utilizadores.
Na mais recente carta aos seus clientes, a Galp diz que “no referido despacho é retirado o apoio existente sobre as tarifas de acesso às redes da mobilidade elétrica que vigorou até 31 de dezembro de 2021″. Estes são os valores do apoio em causa e que foram retirados com a revogação do Despacho n.º 5380/2021, de 20 de maio.
Questionado sobre a validade da justificação da Galp para aumentar os preços na mobilidade elétrica, fonte do Ministério do Ambiente e da Ação Climática defende que nenhuma das razões apresentadas “tem qualquer influência sobre o preço da eletricidade que é cobrado pelos comercializadores de eletricidade para a mobilidade elétrica (CEME)”.
“Relativamente às alegações que estarão a ser dadas pelas empresas para justificação do aumento dos preços da eletricidade para a mobilidade elétrica, importa esclarecer o seguinte: no que respeita à atualização da tarifa da EGME determinada ERSE para 2022, importa ter em conta que estamos perante um custo a suportar pelos utilizadores de veículos elétricos, por cada carregamento efetuado, mas que não tem qualquer influência sobre o preço da eletricidade que é cobrado pelos comercializadores de eletricidade para a mobilidade elétrica. Ou seja, os CEME cobram na fatura a tarifa e entregam essa receita à EGME”, explica fonte oficial.
Relativamente à Tarifa de Acesso à Rede (TAR), diz o MAAC que “o valor definido pela ERSE apresenta uma redução muito significativa para 2022 quando comparado com 2021, verificando-se variações entre -18% e -67% (consoante o nível de tensão e o tipo de tarifa), contrabalançando o aumento do preço da eletricidade”.
A Galp “reconhece” o impacto que o atual contexto do mercado energético “está a provocar na fatura dos seus clientes”, mas “recorda que a oferta integrada que a empresa coloca à sua disposição – com descontos em todas as formas de energia e benefícios na rede de parceiros –, permite níveis de poupança mensais que ultrapassam largamente os aumentos verificados a partir de janeiro. A título de exemplo, os clientes com oferta integrada de gás e eletricidade com potências/escalões mais representativos podem beneficiar, em média, de um desconto mensal de até 21 euros (250€/ano)”, justifica a empresa.
Fonte oficial do MAAC acrescenta ainda que “sobre o mercado livre e as tarifas preços da eletricidade para os consumidores domésticos em 2022, a ação do Governo permitiu uma redução transversal a todos os consumidores de eletricidade no que respeita às tarifas de acesso às redes”.
“A partir de 1 de janeiro de 2022, verificaram-se reduções muito significativas (históricas) nas tarifas de acesso às redes de eletricidade: no caso dos consumidores ligados em Baixa Tensão Normal (consumidores domésticos) a redução será de cerca de 53%. Com isto, os consumidores domésticos que permaneçam no mercado regulado, ou que tenham optado por tarifa equiparada junto do seu comercializador, vão ter uma redução de 3,4% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2021”, remata.
Questionada sobre se também aumentará os seus tarifários em 2022, a EDP não respondeu às questões colocada até à publicação deste artigo. Outras fontes ligadas ao setor ouvidas pelo ECO/Capital Verde confirmam que a retirada deste apoio, entre outros fatores, levou ao aumento dos preços da eletricidade para a mobilidade elétrica em 2022.
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