Quinta-feira negra nas bolsas. Investidores fogem para as renováveis

Guerra na Ucrânia confirmou o pior dos cenários. A praça de Moscovo "crashou" 33%. Frankfurt e Paris cederam 4%. Lisboa caiu mais de 1%. Investidores fugiram para as renováveis, que dispararam 10%.

O “dia mais negro” chegou também para assustar os mercados. A Rússia iniciou o ataque à Ucrânia esta madrugada. Desde as primeiras horas da manhã que as bolsas estiveram sob pressão, com destaque para a praça de Moscovo que derreteu 30%. Na Europa, as quedas também foram significativas, mas mais contidas: os índices de Paris, Frankfurt e Milão tombaram 4%. Já a bolsa de Lisboa foi aliviando as perdas graças à EDP e EDP Renováveis, que contrariaram o pessimismo e dispararam 5% e 11%, respetivamente.

Aliás, se houve setor que ganhou no dia de hoje foi o das renováveis: a Siemens Gamesa, Vestas Wind e Orsted também aceleraram mais de 10%, quando os analistas e políticos questionam a dependência da Europa ao petróleo e gás russo, que pode dar novo impulso às energias limpas naquilo que poderão ser as novas políticas da União Europeia nestas matérias.

Os preços energéticos dispararam. O barril de Brent acelerou 5% e atingiu os 105 dólares, o valor mais elevado desde 2014. Os futuros do gás natural também dispararam 46% para 135 euros por MWh no mercado holandês. A Rússia é um dos maiores produtores de petróleo e fornece mais de um terço do gás à União Europeia, sendo que parte dele vem através dos pipelines que atravessa a Ucrânia.

Petróleo dispara

O PSI-20 fechou a cair 1,52% para 5.348,28 pontos, com a queda a ser amparada pelos bons desempenhos da família EDP: a EDP somou 5,42% para 4,02 euros e a EDP Renováveis avançou 10,53% para 19,74 euros. Também a Greenvolt ganhou 2,78%.

Ainda assim, o dia terminou com muitas perdas para os investidores em Lisboa (e nas bolsas europeias), sobretudo aqueles com exposições ao BCP: as ações do banco afundaram 8,46% para 0,1645 euros. Todo o setor da banca europeia teve um dia de alta pressão: o índice europeu para o setor, o Stoxx Europe 600 Banks, registou uma queda de 8%. O suíço Raiffeisen tombou 23%, os polacos Powszechna Kasa e o Bank Polska caíram 15% e o italiano UniCredit e o alemão Commerzbank perderam mais de 13%.

BCP afunda

A Jerónimo Martins e a Sonae cedem 3% e 5%, respetivamente. Foram 15 os títulos que fecharam o dia abaixo da linha de água.

Com a tensão a atingir o seu pico, outro ativo de refúgio foi o ouro: a onça chegou a quase 2% e está no valor mais alto em mais de um ano. Já a bitcoin afundou 10% e está abaixo dos 35 mil dólares.

“Com a situação a deteriorar-se a cada hora, podemos ver mais aversão ao risco nos próximos dias. Permanece uma enorme incerteza sobre até onde a Rússia irá na Ucrânia e quais serão os efeitos indiretos em todo o mundo, que podem continuar a pesar fortemente no apetite ao risco”, refere Craig Erlam, analista da OANDA.

“O conflito na Ucrânia traz uma enorme incerteza que fortalece o apelo do ouro como um porto seguro e um hedge de inflação”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 17h17)

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