Governo garante reservas. Portugal vai voltar a importar gás russo em 2022
A Naturgy -- importadora e comercializadora que opera em Portugal -- é a empresa que compra gás a Moscovo, sabe o ECO/Capital Verde. Em 2022 vai manter a mesma estratégia.
Depois do secretário de Estado da Energia, João Galamba, já ter garantido que “não existe qualquer risco de rutura de stocks de gás em Portugal e que está garantida a segurança do abastecimento ao país”, o ministério do Ambiente e da Ação Climática veio reafirmar que os níveis de armazenamento de gás natural estão neste momento a 79,2% da sua capacidade total.
Atualmente é dos valores mais elevados da Europa em termos percentuais. Além disso, fica a garantia que “não se verificaram quaisquer falhas nas entregas de GNL no terminal de Sines e a calendarização de fevereiro e março decorre como programado pelos agentes de mercado”.
O gás natural chega a Portugal através de gasodutos (ligam Campo Maior a Badajoz e Valença do Minho a Tuy) ou por mar, via Porto de Sines, onde é armazenado no terminal de GNL que a REN opera.
Em comunicado, o MAAC voltou também sublinhar que o país não está tão dependente do gás russo como o resto da Europa (40%), tal como já tinha avançado o ECO/Capital Verde.
Ainda assim, no ano passado a Rússia foi o terceiro maior fornecedor de gás natural ao país, sendo a Naturgy — importadora e comercializadora que opera em Portugal — a empresa que compra gás a Moscovo, sabe o ECO/Capital Verde. As restantes importadoras de gás natural são a Galp, a EDP e a Endesa.
A petrolífera portuguesa Galp não revela de onde vem o gás que importa mas garante que “a segurança do abastecimento do país está assegurada e não se prevê risco de rutura de stocks de gás. Os produtos importados estão sujeitos aos preços dos mercados internacionais.”
Já a elétrica espanhola confirma que a regulação portuguesa obriga a que as empresas importadoras cubram 20 dias de abastecimentos e revela que compra gás natural “fundamentalmente aos EUA”, diz fonte da Endesa ao ECO/Capital Verde. “São contratos de longo prazo cujo preço está indexado ao preço das diferentes matérias-primas energéticas””, acrescentou.
Quanto aos planos de contingência, em caso de possíveis falhas de abastecimento, diz a Endesa que “a Península Ibérica tem uma postura única face a outros países, já que conta com 7 terminais para regaseificar o GNL importado de qualquer país do mundo, que juntos têm uma capacidade superior à procura de Portugal e Espanha.
Questionado sobre a origem do gás que chega a Portugal via Sines, Galamba disse à Rádio Observador que o mesmo vem da Nigéria, EUA e Trinidad e Tobago. Este ano ainda não chegou gás russo a Portugal, como avançou o Expresso, mas o ECO/Capital Verde sabe que a Naturgy vai manter a mesma estratégia de se abastecer a Leste.
“Em 2021, somente 10% das importações de gás natural foram provenientes da Rússia, pelo que não se antevê que uma potencial interrupção do fornecimento por parte da Rússia represente uma disrupção no fornecimento a Portugal”, refere o MAAC no comunicado enviado às redações.
No ano passado a Nigéria foi responsável por 49,5% das importações de gás (2,8 mil milhões de metros cúbicos) e os Estados Unidos garantiram 33,3% (quase 2 mil milhões de metros cúbicos), enquanto a Rússia chega já a garantir 10,2% das importações de gás.
Apesar disso, o Governo garante que “é prematuro falar em dependência da Rússia” no gás.
Sobre Portugal, o MAAC diz que “vive hoje num cenário de uma maior diversificação de origens do gás que importa e, sendo o mercado de global, existem diversos fornecedores que poderão representar uma alternativa segura e viável ao gás vindo da Rússia”. Em cima da mesa está, por exemplo, o regresso a maiores importações de gás argelino.
A lista de parceiros comerciais de Portugal no gás natural inclui a Espanha, a Nigéria, o Qatar, os EUA, mas também Holanda, Trinidad e Tobago, Angola, Guiné Equatorial, entre outros, mas recentemente tem vindo a reduzir-se. Em 2021, Portugal só teve cinco fornecedores, face aos 11 de 2020 e aos oito em 2019.
O ministério que tutela a energia aposta que “a escalada do conflito entre a Rússia e a Ucrânia terá necessariamente implicações globais, desde logo nos mercados energéticos dado que, entre outros, a Rússia representa cerca de 40% das importações de gás natural da Europa”.
Quanto ao petróleo, garante o MAAC, “Portugal não importa crude da Rússia desde o ano 2020” e os produtos intermédios que se importaram da Rússia, e que representam uma pequena fração do total, têm fornecedores alternativos no mercado internacional.
“Portugal dispõe de reservas estratégicas de crude e de combustíveis (gasolina, gasóleo e GPL), os quais, no caso dos combustíveis, são suficientes para garantir o consumo nacional durante 90 dias”, garante o MAAC.
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