Governo garante “reservas confortáveis” de gás e combustíveis para mais de 90 dias

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2022

“Portugal não depende em nada do gasoduto que vem da Rússia", disse Matos Fernandes, adiantando que o país recebe, em média, seis navios por mês com GNL e, até final de março, chegarão oito.

O ministro português do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse esta segunda-feira que Portugal tem “reservas muito confortáveis” de gás, bem como “reservas públicas de 90 dias” de combustíveis, perante eventuais constrangimentos devido à invasão russa da Ucrânia.

Portugal não depende em nada do gasoduto que vem da Rússia, tudo o que usa de gás é GNL, que chega a Sines e é re-gaseificado e utilizado no nosso país. Há três dias, tínhamos as reservas de gás a 80% e hoje o número é certamente superior”, pelo que “temos reservas muito confortáveis”, declarou João Pedro Matos Fernandes.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas após uma reunião extraordinária do Conselho sobre situação energética na Europa na sequência da crise na Ucrânia, o governante apontou que Portugal recebe, em média, seis navios por mês com GNL e, até final de março, chegarão oito.

Já questionado relativamente a eventuais constrangimentos no fornecimento de gás e combustíveis a Portugal, devido às tensões geopolíticas, João Pedro Matos Fernandes assinalou que “a quantidade e a disponibilidade […] hoje não é uma preocupação” para o Governo. “Se avançarmos para o gasóleo, a gasolina e o crude, há reservas públicas de 90 dias de abastecimento, aos quais acresce o das empresas”, afincou.

“É antes uma questão de preço […], mas não é imediato” e de “instabilidade dos próprios preços”, admitiu.

 

UE em acordo sobre ligação a sistema elétrico ucraniano e REN dá aval

O ministro português do Ambiente disse ainda que a União Europeia (UE) alcançou “consenso político” sobre a interligação da rede elétrica ucraniana com a europeia, que conta com aval da REN, visando fornecimento após invasão russa do país.

“Hoje houve um Conselho de emergência […] e foi expressa toda a solidariedade à Ucrânia face a este ataque brutal externo que está a sofrer e foi obtido um consenso político sobre a interligação do sistema elétrico da Ucrânia no europeu, no qual Portugal se encontra”, disse João Pedro Matos Fernandes.

O governante explicou que o sistema elétrico ucraniano “estava ligado à Rússia e, nos últimos dias, tem estado a funcionar de maneira independente, com sucesso, mas é da maior relevância poder dar estabilidade à Ucrânia e fazer-se esta ligação ao resto da Europa”.

“Têm de haver alguns testes técnicos e vamos acelerar o processo, mas há condições para que possa ser feito sem risco”, acrescentou João Pedro Matos Fernandes. Questionado pela Lusa na ocasião, o ministro da tutela apontou que, para esta sincronização ocorrer, a UE irá “queimar etapas” nos procedimentos, faltando porém alguns trabalhos técnicos “para garantir que não há falhas”.

Portugal já fez o seu trabalho de casa e quem gere a rede, nomeadamente a REN [Redes Energéticas Nacionais], não encontra risco acrescido para a interligação ser feita”, adiantou. E, para João Pedro Matos Fernandes, “vale bem o ganho que terá” para a Ucrânia, em altura de confrontos.

Esta sincronização das redes elétricas ucraniana com a europeia facilitará as trocas entre os países e tornará mais fácil ultrapassar problemas de fornecimento de eletricidade para a Ucrânia.

A posição surge depois de, hoje, a Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão (ENTSO-E) ter anunciado que recebeu um “pedido urgente” do operador elétrico ucraniano “para uma sincronização de emergência do sistema elétrico […] com o sistema elétrico da Europa Continental”.

A área abrangida pela ENTSO-E inclui um total de 35 países, da UE e parceiros. A Ucrânia estava sincronizada com a rede elétrica russa até à invasão de Moscovo, na semana passada.

A invasão russa da Ucrânia tem vindo a causar uma acentuada subida no preço do gás na UE e nos preços globais do petróleo, aumento esse que surge no contexto de um pico já existente nos preços energéticos, dada a crise no setor.

Na passada quinta-feira, reunidos em cimeira extraordinária em Bruxelas, os líderes da UE apelaram à ação a todos os níveis e convidaram a Comissão a propor medidas de emergência, nomeadamente para o setor da energia, razão pela qual surgiu a reunião de hoje dos ministros da tutela.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou pesadas sanções.

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