Resposta europeia à Rússia “sem precedentes cria vertigem”, diz Centeno. Exclusão tem “impacto devastador” na economia russa
O governador do Banco de Portugal aponta que o impacto das medidas aplicadas contra a Rússia vai depender da duração do conflito.
O governador do Banco de Portugal defende que a resposta que a Europa deu à invasão russa da Ucrânia não tem precedentes e até “cria vertigem nalgumas instituições e análises”. Mário Centeno aponta que o impacto das medidas “depende da duração do conflito”, mas admite que a exclusão da área económica da Rússia do contexto global “tem um impacto devastador na economia russa”.
“A resposta que a Europa no contexto global deu ao evento do início do conflito armado na Ucrânia utiliza instrumentos económicos e financeiros que têm um período para que os efeitos sejam notórios…que não é imediato”, apontou Centeno, respondendo a questões no final da aula inaugural do Curso de Pós-Graduação em Corporate Governance, Compliance e Supervisão Pública.
Para além do efeito das decisões governamentais e autoridades europeias e mundiais, o governador salienta que talvez seja “mais importante o efeito que está a ter nas decisões que os mercados dão nesta matéria”, como as empresas que estão a cortar os negócios na Rússia. Estas medidas, por parte das empresas, podem “ter efeito muito superior e mais rápido do que as medidas que os Estados adotaram”, aponta.
Ainda assim, o conjunto de medidas “vai ter um grande impacto quando todas estiverem no terreno e a fazer sentido, porque a exclusão da área económica da Rússia do contexto global tem impacto devastador na economia russa”, vaticina Centeno.
Sobre a dimensão das medidas, diz estar preocupado “enquanto economista, supervisor e governador”, com a “capacidade de ser proporcional na forma como respondemos e adequamos as nossas respostas para aquilo que as desenhamos”.
Quanto ao impacto na economia europeia, o governador sublinha que “há cenários de estagflação que estão à nossa frente, há impactos mais contidos que também estão dados como possíveis”. Centeno reforça que “tudo dependerá da duração do conflito e da resposta mais ou menos concertada – tem sido muito concertada – que os europeus derem ao episódio”. “Tenho sido dos maiores defensores da coordenação da política orçamental, não podemos perder esse fio de resposta”, acrescenta.
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